Um trio de traders - dentre eles, N. Taleb - entrou para o Hall Of Fame ao shortar o mercado naquele dia fatídico de outubro de 1987. Façanha análoga à de Livermore no Crash de 30 e de John Paulson em 2008. A entrevista em consideração (clique aqui) traz um pouco da biografia do notável personagem. Dado o conteúdo relativamente extenso para a atenção fugaz dos visitantes*, selecionei o seu trecho mais relevante (do meu ponto de vista):
"L.G.: But you know what the markets are doing.
N.N.T.: Same thing with the markets. I don't know what they're doing at any point in time except when they do a lot—because your brain cannot distinguish between small and big. We have so much evidence of that. Some events have massive consequences, and you should look at them. But if you look at the Dow and it moves a little, it's not even statistically significant, you cannot see it without some emotional reaction and some theorizing. So you want to theorize as little as possible. But today, I am interested in the market, because the euro had the biggest move in a long time. Today, I'm concerned. The euro moved a lot.
L.G.: Downward.
N.N.T.: Yeah, and I'm interested—so today it's information. When something is moving barely, it's not information. If you were to read the newspaper account of things, the discussion should be, because of the size of the move today, a billion times longer than the discussion you get on a regular day. It moved 3 cents. To $1.50-something. That is worth discussing when it happens once a year in the euro. If the stock market crashes, that's information. If it moves five points, it's not. So when you listen to radio, they're going to tell you in the same-length program whether it moved five points, or 23 percent. And the lengths of newspapers should be in proportion to the importance of the facts—and they're not.
Ao contrário de Taleb, ainda não cheguei ao extremo de me alijar da leitura de jornais, revistas et alli. Nas rodas sociais precisamos parecer o mais normal possível. Mesmo entre supostos investidores, não convém falar, por exemplo, que a Bolsa de Pindorama é uma instituição voltada para fora do país. Melhor falar daquela bunduda do Big Brother ou do personagem de José Mayer na novela das oito.
Com relação à parte sublinhada do excerpt acima, talvez agora tenha ficado claro por que dezembro passado foi o mês em que foi produzido o menor número de postagens de 2009. Se o price action não produziu nada, digamos...noteworthy, provavelmente mais dias passarei longe do Blogger.com. Essa não é uma tendência de outros blogs e sites comerciais**, que são obrigados a produzir conteúdo independentemente do price action.
Taleb me passa a idéia de certa intolerância com a mediocridade. Note-se que antes de assumir a conhecida conotação pejorativa esse conceito tem significado meramente estatístico. Optei por me entreter com ela, mormente naqueles momentos em que fatos de suposta grande repercussão nos mercados são propagados à velocidade da luz (taxação de ADRs brasileiros, débâcle do Dubai World...). E passado um ou dois dias, preços retomam a tendência anterior. Por que isso acontece? Bem, não vou encompridar esse texto. Depois escrevo um pouco mais a respeito.
* Perceberam a ironia? :D
** "Podia comentar Merposa PN?"; "Fulano, comprei Merposa PN na sexta. Estopo agora ou espero quicar?"