- Joãozinho, quem é mais útil? O Sol ou a Lua?
- A Lua, professora.
- Não entendi. Como assim?
- Ora, o Sol só aparece quando está tudo claro.
Sob patrocínio do governo, as intervenções diretas da mesa do BACEN e aumentos de IOF em financiamentos em moeda estrangeira têm sido assunto recorrente nessa mídia marrom e teleguiada de Pindorama. O tema voltou à ribalta em recente reunião da presidente(a) e dois Ministros de Estado com os apaniguados de sempre (leia-se, representantes dos grandes conglomerados nacionais). Em mais um daqueles rompantes episódicos, a mandatária de Pindorama disse que se preciso for editará um Medida Provisória por dia para segurar a apreciação do real, mormente em relação ao dólar norte-americano.
Em recente artigo publicado na Revista TendlineMag mencionei alguns aspectos que fazem do Produto Interno Bruto (PIB) um indicador pouco significativo para o país. O engodo sexagenário ainda produz outra falsa impressão, especialmente em países com reduzida taxa de poupança doméstica. Pelas suas próprias definições, o PIB abraça o investimento estrangeiro. Ora, sem ele, o PIB calculado tende a ser pressionado ainda mais. Não custa lembrar que a atividade industrial caiu pelo sexto mês seguido em Pindorama (aqui). Se as consultorias sérias passassem a calcular o Produto Nacional Bruto (PNB) teríamos um retrato mais fiel das chagas e da atividade econômica em Terra Brasilis. Por restrições de espaço na coluna, esse aspecto curioso ficou de fora.
"Tudo bem, mas onde entra a piadinha?" As compras diretas de dólar pelo BACEN me fazem lembrar o chiste de Joãozinho. Tornam-se mais agressivas quando não é preciso. E não intervêm quando deveriam fazê-lo. Isso só ocorre porque analistas, consultores e demais acadêmicos não compreendem os elementos de market timing. O Banco central japonês (BoJ) não conseguiu frear a valorização do iene. E o Suíço bateu no peito em meio a uma tendência parabólica de apreciação do franco em meados do ano passado (aqui). Big deal! O Bacen teria melhores chances? Ou passa simplesmente a iluminar quando já está tudo claro? Fico com a segunda alternativa. Robert Rhea e William Peter Hamilton pensariam da mesma forma. Food for thought.
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