DISCLAIMER


DISCLAIMER: 1. The risk of trading equities and/or derivatives can be substantial. 2. Any decision to purchase or sell as a result of the opinions expressed in this blog will be the full responsability of the person authorizing such transaction. 3. Past performance is not indicative of future results.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

No Creo En Brujas Pero...

Desde que comecei a estudar profundamente os mercados de livre negociação uma coisa sempre ocorria com relação aos gaps (espaços de preços sem negociação). Um dia fechavam. Podia levar dias, semanas ou meses. Não importa. Para minha incredulidade, fechavam. Impressionante. O estudante novato de technical analysis geralmente fica paralisado diante de um "gap aberto" (unfilled gap) esperando que se feche imediatamente. Às vezes perdem rallies atraentes porque não têm coragem de clicar no mouse.

Algum leitor poderia alegar que os dois movimentos bruscos nos yields do chart acima foram "artificiais" pois estão intimamente vinculados a notícias de rejeição, em um dia, e de provável aprovação, no seguinte, do bailout de Mr. Paulson. Daí provavelmente esse "componente de artificialidade" seja levado em consideração no inconsciente coletivo da massa. E esse gap nos yields dos Treasuries de 10 anos poderá nem fechar. É um bom argumento. Um dia pensei assim. No entanto, vos digo: irá fechar. E não levará tanto tempo. Convém observar que gaps análogos foram abertos no mercado de equities como um todo. Uma vez li uma frase que nunca esqueci: Markets abhor vacuum (mercados detestam vácuo). É verdade.

"Ok, Fact! E eu com isso?!" Simples, my friend, um selloff nos bondmarkets sugere fraqueza no de equities em Wall St. E convém não se iludir com algum upside no curto prazo. Chickens come home to roost.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Vale CEO Or Texas Hold'em Player?

"O mercado transoceânico de matérias-primas continua muito bom", a frase é do principal executivo da Vale.

Acima segue o WEAKly chart do Baltic Dry Index, que reflete uma média nas cotações de fretes de navios graneleiros, adequados para o transporte de carvão, minério e cargas afins. Cuidado com os jogadores de poker. Enfim: Charts Never Lie.
Update: Com o fito de ser um pouco menos enigmático, digo o seguinte: A partir de julho último, o transporte marítimo intercontinental de minérios, carvão e afins deve ter passado a ser feito em jangadas.

domingo, 28 de setembro de 2008

Quem Lê o Globo Sabe Mais - II

Para compreender meu comentário atual, convém reler a primeira postagem do blog. O contrarian indicator do Globo funcionou bem durante toda a seqüência do bull market nos EMs. Desde então, quem "decorou" essa minha observação e resolveu aplicá-la não deve ter tido retornos positivos, se acreditou em fundos de maior longevidade. Nos últimos meses os veículos de comunicação deram vez ou outra espaço de relevância à crise yankee, principalmente depois de quedas diárias expressivas no IBovespa. O máximo que aconteceu nesses casos foi uma consolidação por um pequeno período para novas quedas. Essa é a grande magia dos mercados. Está em constante mutação.

Observo um erro muito comum na aplicação de contrarian analysis (CA) por parte de investidores em fóruns, grupos eletrônicos, etc. Fazem-no em desvinculação aos technicals. CA é um apoio à technical analysis. Não convém que seja aplicada de forma estanque. Daí acredito que esse tipo de análise seja de pouco proveito a fundamentalistas ortodoxos. A título de curiosidade...a semana que passou, por exemplo, foi sui generis para os leitores do Globo. Senão vejamos:
  • Dia 23 (ter): "Incerteza sobre pacote gera instabilidade nos mercados";
  • Dia 24 (qua): "Congresso dos EUA exige punições e ameaça pacote";
  • Dia 25 (qui): "BC deixa mais dinheiro com bancos para não faltar crédito";
  • Dia 26 (sex): "Disputa eleitoral nos EUA dificulta socorro a bancos".
Mercado financeiro é área de pouquíssima familiaridade ao cidadão comum. Assim, jornais de grande circulação refletem apenas a percepção dos leigos sobre os acontecimentos nessa área e comumente servem de trigger para surtos de pânico. Vejam abaixo a escalada no Google Search de buscas pelo verbete "crise". Por derradeiro, sempre bom frisar: os comportamentos típicos dos retail investors não está limitado a áreas geográficas ou época. O ser humano no aspecto emocional não "evoluiu" significativamente nos últimos milhares de anos.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

It Pays To Read "Markets By Fact Finder"

Hoje a Sadia chocou o mercado ao divulgar fato relevante revelando perdas de R$760M em operações financeiras. Para se ter idéia da magnitude do montante, no primeiro semestre/08 a empresa obteve $334M de lucro líquido consolidado.

No item 2 do comunicado a Diretoria apresenta como álibi "a alta volatilidade da cotação da moeda norte-americana, que ocorreu muito rapidamente". Essa justificativa nos sugere um grande despreparo do Departamento Financeiro, inconcebível em empresa desse porte. A postagem A Major Turning Point Ahead é do início de agosto. Tivessem lido o comentário, teriam poupado o financial think tank da Sadia desse vexame.

Do You Use Play Money Or Real Money?

"The third aspect of speculation has to deal with how you manage the trade itself as well as the money you are committing to the trade. Traditional wisdom is that you should not trade with money you cannot afford to lose. Maybe.
But consider this, if your mindset is that this is play money, I assure you you will play with it. And probably lose. If it is real money - money you cannot afford to lose - the chances that you will pay close attention are much greater..."

(Larry Williams em "Long-Term Secrets To Short-Term Trading")


A idéia desse conhecido autor é bem original. Lembrei-me dela outro dia quando vi em uma matéria do Jornal da Globo uns garotões de terno com ar blasé dizendo que seus portfolios estavam down em seus 30 e muitos por cento. Claro, pelo ar dos entrevistados, não era nenhuma quantia que lhes comprometesse sonhos de curto prazo. Daí esperarão o tempo que for necessário para ver seu dinheiro de volta. Uma outra conhecida minha preferiu sair quando não agüentou mais ver as perdas no extrato bancário. Atitude sensata.

Na mesma matéria um especialista comentou que não era hora de vender. Essa mesma opinião foi dada pelos especialistas aos 66 mil pontos da Bovespa, nos 60 mil, nos 55 mil, etc. Ocorreu-me perguntá-lo se essa dica valia também para os acionistas da Agrenco cuja ON caiu 97% esse ano e tinha recomendação de compra de grandes bancos um tempo atrás.

Já perdi muito dinheiro nesse negócio. Mas se fosse pouco provavelmente estaria perdendo continuamente até hoje. Quando se aplica o "dinheiro da feira" no mercado você nunca perde porque fica para o longo prazo. "Não perdi porque não vendi" (que frase idiota!). Quando o dinheiro é aquele de proporção considerável - em termos relativos - você nunca lhe dará as costas. Nunca dei. E cada vez que perdia - claro que ainda perco - estudava se havia sinais antecedentes apontando para o resultado desagradável. Quem me acompanha desde fevereiro sabe que nunca fui surpreendido por nenhum desses topos e fundos, pois os anunciei (furtivamente). Isso só é possível porque jamais usei play money. Só real money.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Spot Where People Were Hurt The Most

Estudantes de TA quase nunca conseguem chegar ao estágio de excelência. Esperam retorno imediato em uma atividade que mistura arte e ciência. Os mais aplicados decoram de imediato dezenas de padrões de candle, indicadores, etc. como se fosse uma tarefa simplesmente intelectual. Ao não verem o retorno esperado, compatível com seus estudos, abandonam esse tipo de análise. Conclusão: "não funciona!" Muitos não compreendem como podem se destacar em suas áreas de atuação profissional e se sentir completamente impotentes nos mercados de renda variável, onde a lógica estapafurdiamente parece não funcionar.

É improvável que technicians novatos, com menos de 5 anos de estudo e prática consigam retornos consistentes acima do benckmark. Os que me lêem e se situam nessa faixa devem estar me dando razão depois de terem tomado uma lição de humildade nos últimos 4 meses. Alguns definitivamente encontrarão pouco proveito nessa abordagem porque não possuem o chamado mindset (estrutura emocional necessária), algo inato ao indivíduo.

O objetivo primordial da technical analysis não é decorar padrões, acompanhar divergências ou ficar traçando retas aqui e acolá. É compreender o comportamento dos players que estão por trás de cada uptick ou downtick. Levantei essa bola porque KB no Trading In Blog abriu um postagem comentando que prefere considerar no curto prazo regiões onde havia grande trocas de posições como suportes ou resistências. Por quê? A explicação reside no fato de que regiões de concentrações intensas de volume indicam uma intensa batalha entre bulls e bears, com resultados emocionais igualmente intensos para ambos lados. Minha experiência mostra que volumes por preço são eficientes. O problema é a imprecisão, já que raramente há um ponto muito destacado de intenso giro. Dependendo do timeframe estudado, as faixas de concentração de volume mudam de lugar. Os preços, não. São precisos. Pessoalmente prefiro associá-las a outros elementos.

Tomemos o caso prático do chart de 60 min do ADR de Petro acima. Barras horizontais à esquerda indicam o giro financeiro em cada faixa de volume. As máximas do ativo hoje coincidiram com a maior faixa de volume - não muito pronunciada - e o início de um gap. Technicals em sobreposição crescem em importância. Além disso, indicadores de momentum estavam em sobrecompra e 50 é um número redondinho ("Ou você prefere vender em 50.05 ou 49.98?"). Ou seja, havia vários sinais para que os bulls saíssem de suas posições ou apertassem seus stops. De maneira análoga, selloffs tendem a parar na região de US$40 (área de intenso giro).

sábado, 20 de setembro de 2008

Play It Again, Mr. Prechter

Dando uma arrumada nas minhas prateleiras, reencontrei uma edição da Stocks & Commodities Mag de 2004*. De relevante, para o investidor yankee de longo prazo (se é que alguém lembra o que é isso), há uma entrevista do lendário Robert Prechter. Tornou-se mundialmente conhecido por ter previsto com notável precisão a Black Monday de 1987 baseando-se nos estudos de Ralph N. Elliott, autor da Teoria das Ondas que leva seu nome. Desde então, sumiu praticamente da grande mídia televisiva. Embora continue publicando suas obras com notável consistência de idéias.

O fulcro do referido artigo é a associação que o autor faz entre a evolução dos fundamentos macroeconômicos dos E.U.A. ao longo das décadas desde a Grande Depressão e a fase corretiva da Teoria de Elliott em seu chamado Grand Supercycle, o mais extenso. De acordo com os dados levantados por Prechter, a deterioração em números como os de endividamento governamental e do consumidor, crescimento real do PIB americano, utilização da capacidade instalada, taxa de desemprego, entre outros é cristalina; tendo claro paralelo com aquela experimentada pelo Japão na década de 80. E culminou em uma estagnação econômica para aquele país por anos a fio. Os dados macroeconômicos mencionados no artigo são os disponíveis até sua edição. Tomemos - como exemplo - a taxa atual de desemprego de 6,1%, segundo a estatística oficial (altamente discutida) , o maior valor em 5 anos. Isso em meio a um Fed Funds Rate situado em patamares historicamente baixos.

Argumenta-se ainda que a estagnação japonesa não foi tão expressiva porquanto ocorreu simultaneamente a certa retomada econômica yankee, refeita dos estragos da década de 70. Até 2003 era comum ver pela web uma associação entre price actions da Nasdaq e do Nikkei da década de 90. Alguns sítios até sobrepunham um sobre o outro. Uma política monetária novamente expancionista do Federal Reserve durante o período quebrou essa "sincronia" e esfriou a discussão. A questão candente - diante do aumento do endividamento americano após sucessivos bailouts - é até quando as fiat currencies terão respaldo do mercado. Podemos estar presenciando o início de uma reorganização profunda do sistema financeiro mundial. Future will tell.

* Tentei localizar o link para download pago, mas não o encontrei.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Odd-Lotters Hitting The Panic Button - II

Reiteradamente comento aqui nesse espaço que observação it is what this business is all about. Ação deve preencher uma parte muito pequena do seu tempo. Nesse processo de observação percebe-se um nível de incômodo considerável e crescente entre os small traders yankees. Estamos próximos dos níveis máximos de pânico observados desde o bear market rally iniciado em 2003.

Somente os tolos negligenciam o pragmatismo nas análises. Larry Williams nos diz: "Acredito que o trade em que estou no momento será perdedor...e grande." Os mercados são estruturas em constante mutação. O atingimento de determinado nível de pânico é condição necessária, mas não suficiente de reversões. Não há fundo consistente sem washout de vendedores (geralmente aqueles que se achavam adeptos do B&H). Quando determinado aspecto envolvendo os technicals começa a ser percebido por parte do mercado, detentora de significativo volume financeiro, ele deixa de funcionar naquele nível e passa ao seguinte. O catch é esse: as grandes oportunidade se apresentam a poucos. O mecanismo intrínseco do mercado carrega em seu código genético a tarefa de frustrar a maioria.

Deixando para trás o intróito filosófico...o que quero dizer com isso? Os níveis de volatilidade dos mercados em Wall St. estão atingindo extremos recentes, de 5 anos para cá, mas ainda estão consideravelmente longe daqueles verificados no estouro da Bolha Dot Com da Nasdaq. Ou seja, tomando por base essa informação, chega-se à conclusão de que ainda há considerável downside em potencial.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Odd-Lotters Hitting The Panic Button

A leitura de meus contrarian indicators está sugerindo a existência de um nível de pânico considerável entre os traders yankees. Ao contrário da crença popular, essa circunstância não é garantia de rallies. Mas, pela minha experiência, diminui sensivelmente a chance de novos selloffs medonhos, como o de ontem, no curto prazo.

O New 52-Wk Lows* na NYSE atingiu hoje 1.024. É a terceira vez que vejo números acima de mil de 2007 para cá. Nas duas anteriores tivemos no mínimo um sideways market em sequência. Curiosamente é a primeira vez num passado recente que observo inquietação de traders refletida em alguns indicadores ao mesmo tempo. Não há garantia de que o nível de pânico não continue a aumentar diante de nova fraqueza no price action. No entanto, os últimos picos recentes de pânico servem de bom parâmetro. Ver um nesse momento, nas imediações de 10750 no DJIA, pode servir de alguma inspiração pros short-term bulls.


O mercado de ações local não nos brinda abertamente com essa oportunidade de medir o pânico por meio de ferramental oficial. O horário do aftermarket é interessante. Tem-se observado que o viés dado pela atividade do sardinhal nesse horário fornece boa indicação contrária no CCP. Salvo melhor juízo, o sentimento na sessão do aftermarket de hoje foi bearish. Percebi que apesar do fechamento forte de Petrobras PN no horário normal em 31,30 e dos technicals em melhoria, os negócios foram feitos abaixo desse nível. Mesmo em um
dead-cat bounce o sentimento pessimista - via de regra - impera. Lembrem-se, folks...no momento em que estamos: cash is king.


* Número de papéis negociados na NYSE que fecham abaixo da mínima verificada em 52 semanas.

domingo, 14 de setembro de 2008

Still Remember Those U.S. Yield Curves?


Prosseguindo com minha mania de não ser óbvio nem entendiante, ocorreu-me hoje comentar acerca de assunto esquecido pela grande mídia: as curvas de juros yankees. Pra quem não se recorda ou não sabe, a curva é o resultado da plotagem dos juros - no caso, dos Treasuries - ao longo de diversos vencimentos, do menor prazo para o maior.


Em condições normais as taxas de juros fornecidas por títulos de vencimento de mais longo devem ser maiores que aqueles dos de vencimento menor. Faz sentido: é mais arriscado emprestar dinheiro por 10 anos que por 3 meses, p. ex. Tomada isoladamente, a yield curve é o indicador com maior eficácia preditiva de recessões econômicas, de acordo com o National Bureau of Economic Research (NBER). Na observação de Mark Hulbert, em 5 das últimas 8 recessões desde 1950 - pelos critérios do U.S. Bureau - as Notas de 3 meses estavam com yield superior ao dos Treasuries de 10 anos. Leia-se, a famosa curva invertida.


Curioso mesmo que durante a primeira metade do ano passado viu-se uma curva achatada (flat) enquanto o price action dos mercados era positivo. E em todo o selloff visto a partir de outubro/07 em nenhum momento ela se inverteu (clique
aqui). Pelo contrário, praticamente se normalizou desde os 1575 do SP500. Li há pouco que o Goldman Sachs avalia em 95% a chance de que o NBER declare agosto último como recessivo. A yield curve atual, no entanto, não sugere recessão à vista (vide imagem acima), apesar do abaulamento da curva em vencimentos intermediários. Ou podemos imaginar que estaremos logo diante da quarta vez desde 1950 em que a curva de juros dos Treasuries ignorou a economia real.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Portfolio Managers Falling From Grace

Einstein foi um "fora-de-série" no ramo da Física. Pelé, no futebol. Bobby Fisher, no xadrez. Exemplos são inúmeros. Em toda atividade humana a coletividade reconhece performances de indivíduos muito acima da média. Na grande indústria de fundos yankee - a maior e mais competitiva do mundo - alguns managers se notabilizaram pelos retornos expressivos no valor das cotas de seus fundos, bem acima dos benchmarks de mercado (geralmente o S&P500).

Bill Miller, Chairman e CIO da Legg Mason Capital Management, tinha sido um deles. De 1991 a 2005 obteve retornos que o colocaram entre a nata dos portfolio managers. Mas a magia se foi. Seu Legg Mason Value Trust mutual fund até junho de 2008 havia perdido quase 30% de seu valor. Isso antes da débâcle do dueto Freddie-Fannie. O LMVT era o maior acionista de Freddie Mac (vide necrológio acima). Não entrarei nas possíveis premissas adotadas por Bill para entrar em posição tão especulativa. Nesse caso, o que me chamou a atenção foi o fato do gestor ser adepto do value investing, escola de investimento criada por Benjamin Graham e seguida por Warren Buffett.

Outro exemplo notável de mácula na gestão de portfolios vem de ninguém menos que George Soros. Segundo a Guru Focus, adquiriu 11M de ADRs de PBR ao preço médio de US$65, posição que influencia quase 33% do resultado do portfolio. Acredito que a maioria dos investidores de primeira viagem tenha comprado PBR a preços melhores. O bloodshed não pára por aí, pois ações do Lehman Bros. (LEH) representam aprox. 7% de seu portfolio. Considerando o PM de US$37.1 e o fechamento de ontem: 80% de perdas. Soros recentemente virou notícia ao publicar um livro justificando a gravidade da crise atual. Portanto, sou incapaz de compreender decisões de investimento como essas.

Dessa crise do sistema hipotecário yankee emergirão novos superstars. Certamente alguns enriqueceram "shortando" CDOs e ativos correlatos. Assim como outros serão enterrados, se isso serve de consolo para os que me lêem e estão amargando perdas consideráveis. Como nos lembrou KB no Trading in Blog: "Mas não pense que o pato é somente o pequeno". Às vezes são bem grandes.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Bond Market Shrugging Off Mr. Paulson's Move

O otimismo do mercado com uma recuperação econômica no curto prazo não durou mais que um dia depois do anúncio da intervenção do Tesouro Yankee em Fannie e Freddie. O fechamento de ontem nos Yields de 10 anos deu-se levemente acima da importante região de oferta (vide linha amarela). Mas a abertura de hoje revelou-se muito bearish, devolvendo até mais que os ganhos de ontem. Ouch!

Economics 101: a diminuição verificada nos yields significa um aumento nos valores negociados dos Treasuries no mercado secundário. Quanto menor o yield, mais próximo fica o valor negociado do seu "valor de face". Reflexo tipicamente defensivo dos players.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Kondratieff On Elm Street

"Nightmare On Elm Street" é o título de um filme de horror yankee que lançou o personagem Freddie (digo, Freddy) Krueger. Nikolai Kondratieff é autor de uma das teorias econômicas heterodoxas mais fascinantes que conheço. Não pretendo encompridar o assunto. Quem quiser saber mais pode clicar no link. Para resumi-la basta dizer que de tempos em tempos a imensa montanha de dinheiro podre deve ser expurgada do sistema.

Os seus críticos dizem que o ciclo não é mais válido porque ao contrário de tempos idos os Bancos Centrais atuais exercem grande influência sobre os meios de pagamento. Verdade. Os maiores estudiosos do ciclo dizem que algumas mudanças devem ser esperadas. Realmente é o primeiro deles visto sob a influência do fiat money (dinheiro sem lastro). E as pessoas estão vivendo mais, o que remete a um alongamento do ciclo tradicional de 50-60 anos. As pessoas tendem a repetir as mesmas tolices de tempos em tempos. As mesmas gerações não incidem em erro idêntico.

Os investidores incautos e/ou ingênuos tendem a acreditar na boa-fé dos profissionais do mercado, dos controladores de empresas do "Novo Mercado", do governo, etc. A ingenuidade é uma característica inerente a determinados indivíduos e não tem a ver exatamente com experiência. Como nos lembra Jon Markman, trading is not a team sport*. O último simulacro dos mercados financeiros mundiais foi solto ontem: um bailout fantástico do dueto Fannie-Freddie. Tal qual o cult A Hora do Pesadelo ainda teremos vários episódios que darão seqüência ao blockbuster Kondratieff On Elm Street. Bailouts de Mr. Paulson patrocinados com dinheiros alheios apenas potencializarão fenômenos financeiros jamais vistos por investidores (os vivos, claro).

* Vou mais longe. Investimento em renda variável não é esporte de equipe.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Price Action in Bear Markets

Vários bull markets geniuses estão agora desnorteados. Os setup gráficos usados com sucesso em um mercado em alta simplesmente não funcionam mais. Observei vários amantes da AT chamando a atenção para as divergências positivas enormes que se avolumavam circa 53k pontos, o que provavelmente renderia um repique do tipo Brastemp. Não aconteceu até agora. E provavelmente não ocorrerá (apenas uma opinião, folks). Uma operação estopada atrás da outra traz o inevitável sentimento de impotência.

Em bear markets a liqüidez se contrai sensivelmente. O price action se comporta de maneira errática. E selloffs repentinos aniquilam em poucos minutos pivôs de alta até então inspiradores no intraday. Papéis de setores até então aparentemente imunes começam a ruir. Um indicador de tendência tradicional que avalia a saúde do mercado é a "média móvel de 200 dias" (200 DMA) [linha vermelha no chart]. O primeiro rollover após uns bons anos salta aos olhos. Observe-se que esse indicador foi bom sinalizador do início do bull market nos idos de 2003.

Nessa hora fundamental lembrar as 10 Leis de Mercado de Bob Farrell, brilhantemente compiladas por Jonathan Burton. Aliás, um detalhe interessante referente a esse post: Foi objeto de alguns acessos por pessoal da própria Merrill Lynch nos E.U.A. Méritos do Google Search, claro. :)

terça-feira, 2 de setembro de 2008

RTP: A Reminder For Risk Management

Caso o investidor não opere em mercados Forex, terá que conviver com gapdowns/gapups de vez em quando. O price action de Rio Tinto demonstra de maneira dramática a importância do gerenciamento de risco. Na segunda-feira quem possuísse esse ativo na London Stock Exchange conseguiria ter estopado a tempo no breakeven, já que não houve feriado na Europa pelo Dia do Trabalho. A mesma sorte não teve alguém que possuísse o ADR de Rio Tinto na NYSE. A posição tornou-se perdedora logo na abertura do pregão de hoje. Ouch! O ativo já se encontrava fragilizado pelo estado de sobrecompra. Convém lembrar que em bear markets dificilmente o price action se mantém em overboughtness por muito tempo.
Para terminar: Sobre a possibilidade de fechamento do gap recém-aberto (gap filling) em um futuro próximo? Altamente improvável.

An Omen: Silence Runs Deep

Uma coisa observei desde que os mercados emergentes (Ibroxespa incluído) migraram para o sul. O tema não mereceu manchete principal de nenhum dos jornais de maior circulação do país. Não deixa de ser intrigante observar que a maior queda (em R$) em linha reta desde o início do bull market em 2002 foi recebida com desdém pela mídia. Para a maioria dos investidores pode parecer mais um sinal de que as coisas não são tão ruins quanto parecem.

Encontro uma explicação para a letargia da mídia de Pindorama. A queda atual tem sido menos intensa que as anteriores. Ou se preferirem...não atingiu os níveis de volatilidade (argh!) intensos. Uma queda de 9% do Ibroxespa vira manchete. Mas 3 seguidas de 3%, provavelmente não. Os teóricos da finanças comportamentais reformaram essa idéia e a divulgam como se fosse um conceito original. Não é.

Os investidores, via de regra, ficam mais chocados com minicrashes du jour que com baixas suaves consistentes. Qualquer semelhança com a estória do sapo em cozimento não terá sido mera coincidência. Baixas sem extremos de volatilidades denotam movimentos conscientes dos players do mercado. Não dão origem a knee-jerk reactions que os swing traders adoram. Para piorar a situação, balanços trimestrais e price action nunca estão em sincronia, o que confunde ainda mais os investidores e é explorado malandramente pelas corretoras. Percebem-se sinais típicos de bear market no price action dos ativos. Isso fica pra outro dia, meus caros. Time is up.