DISCLAIMER


DISCLAIMER: 1. The risk of trading equities and/or derivatives can be substantial. 2. Any decision to purchase or sell as a result of the opinions expressed in this blog will be the full responsability of the person authorizing such transaction. 3. Past performance is not indicative of future results.

domingo, 30 de novembro de 2008

Bulls, Bears And Pigs

De todos os anos em que venho acompanhando os mercados financeiros nenhum deles foi tão recheado de razões para não acreditar em filosofias do tipo "buy-and-hold" como o de 2008. Em Wall Street todas as regras e legislações no mercado de capitais só valem se o price action for positivo. No sistema monetário de fiat money que sucedeu o gold-standard o maior ativo é a confiança (legal tender), duramente atingida por bailouts com dinheiro do contribuinte, manipulações grosseiras de normas operacionais, ocultação de dados, etc. A falência moral anda de mãos dadas com a financeira. Claro, a quase totalidade de eleitores (digo, investidores) só ganha se o preço dos ativos subirem.

Ao repertório de picaretagens a Securities and Exchange Comission (SEC) adicionou mais uma final do mês passado: a flexibilização da regra de marcação a mercado ("mark to market"). A justificativa oficial não revelada é que transparência só é bem-vinda em bull markets. Em mercados declinantes a performance das carteiras a valores de mercado - perda meramente contábil - pode trazer perdas reais para os detentores de títulos, especialmente bancos.


Em Pindorama a necessidade de rever normas operacionais não existe, mesmo porque as existentes não são obedecidas nem fiscalizadas. Aqui a crise de crédito não mostrou sua face aguda porque o sistema creditício é anão e o uso de derivativos é restrito. Outro dia vi uma entrevista de um representante da Febraban gabando-se da "solidez" dos bancos nacionais. A pouca alavancagem tem a ver com as taxas de juros reais obscenas e não com memórias dos tempos de inflação galopante. O mais preocupante do credit crunch atual não está no sistema bancário nacional e sim nos setores não-financeiros cujos profissionais mostram despreparo - ou seria esperteza escamoteada? - em instrumentos financeiros nem tão sofisticados. Conseguem transformar um suposto hedge em drink de cianeto para os acionistas. Mostrem-me uma empresa de capital aberto que auferiu resultados positivos em instrumentos financeiros relativamente simples (contratos de swap) e ganhe um pirulito. Os empréstimos de R$2bi da Caixa Econômica Federal e de
R$750M do Banco do Brasil à Petrobrás mostram como a parte sensível do credit crunch em Pindorama está nos setores de empresas não-financeiras.


Pra terminar, vos digo que não há nenhum paradigma visto nas últimas décadas que se compare com o que vemos atualmente. Os relatórios que eventualmente leio são reflexos de profundos conflitos de interesse entre instituições e clientes. A atuação desastrosa dos principais bancos centrais em tentar suavizar a queda está em vias de gerar uma estagnação econômica "multianual" à la Japan nos EUA e na Europa. Criaram um cenário idílico de que bastariam injeções gigantescas no meio monetário circulante para garantir a prosperidade eterna. Não é possível criar riqueza com printing presses. Se estou certo...Only future will tell.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

''Aracruz sabia das operações com derivativos'' - II

Update da postagem de ontem: Parece que minhas parcas conclusões sobre obviedades empresariais têm se mostrado corretas. Hoje pela manhã a Aracruz divulgou comunicado ao mercado, datado de 27/11, informando que parte dos conselheiros da empresa renunciou a seus cargos, coincidentemente logo depois da entrevista do ex-Diretor Financeiro.

O que se extrai de útil desse episódio? Se o leitor não compreende o mindset por trás das decisões de negócios, jamais entenderá por que muitos core businesses promissores não seguem adiante. Hoje em dia prefiro conversar com psicólogos a engenheiros.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

''Aracruz sabia das operações com derivativos''

Essas foram as palavras do ex-Diretor Financeiro da Aracruz se referindo à perda de US$2bi em derivativos de câmbio (vide post anterior análogo). Meus comentários a seguir serão basicamente feitos em cima dos fatos narrados em sua pequena entrevista publicada no Estadão dia 26 último. Portanto, recomendo a leitura antes de seguir adiante.

Isac Zagury afirma que as operações eram de conhecimento de acionistas e da Administração da empresa. Alguém duvida de que não esteja falando a verdade? É possível que contratos dessa magnitude não sejam de conhecimento de comitês e Diretores? Com um pouco de bom senso, é possível chegar a alguma conclusão.

Um segundo ponto - que me causou espécie - foi saber que os bancos limitam suas perdas nesses contratos de "sell target forward", mas não limitam o tamanho do nabo do cliente. Genial! Já examinei contratos de pessoa física de swaps de dólar em bancos de varejo e não encontrei limitações de nenhuma parte, à exceção da necessidade de depósito de garantias quando a perda do cliente atinge determinado percentual.

O terceiro ponto - e é esse que me interessa - é ver que até hoje sobrevive o fato de que a explosão do greenback foi imprevisível, obra do acaso ou de Satanás. Passada a avalanche, é bem provável que a única preocupação das partes atingidas seja acionar ou se defender em aventuras judiciais. Descobrir por que ocorreu o grande prejuízo é desnecessário. Logo, minha conclusão é de que - caso se embrenhem em novas operações com derivativos - terão novos prejuízos. Esse comentário serve também para as demais empresas que se aventurarem nesse tipos de contrato sem contar com expertise.

Os 30 anos do Sr. Zagury no mercado não lhe serviram para muita coisa porque faltou-lhe expertise específica sobre price action nos mercados de livre negociação. Simples. O conhecimento específico em análise quantitativa e técnica é eficiente no gerenciamento de riscos. De vital importância é evitar as perdas e não auferir ganhos magistrais, principalmente em uma empresa cuja atividade operacional principal não seja a financeira. Posições vendidas de dólar - na minha opinião - já deveriam ter sido evitadas no início de 2008 por conta dos níveis de volatilidade de longo prazo baixíssimos então. Posições alavancadas em conjunturas desse tipo devem ser evitadas ou suavizadas. Um ambiente menos agudo seria o de alta volatilidade - como o atual - no qual o price action se alterna em uma e outra direção. Na baixa volatilidade, se o operador alavancado erra a aposta, ele está morto. Neste cenário, a reversão só ocorrerá um bom tempo depois, geralmente em um ponto inimaginável, fora do consenso do mercado. Os modelos VaR (Value At Risk) das empresas não funcionaram porque seus parâmetros-chave, do tipo "receita de bolo", se basearam em uma amostragem insuficiente de dados. Em suma, por eles a chance de uma reversão como a que foi vista era quase zero. E claramente o risco era palpável, pois alertei que uma reversão dramática estava à espreita...Enfim, folks, charts never lie.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Following In The Smart Money's Footsteps


Seguir as pegadas dos pros é tudo que preciso fazer. 80% das notícias sobre mercado financeiro que recebo em minha caixa vão para o lixo após eu ler o título. 15% delas, que resistem ao primeiro filtro, são eliminadas depois de uma leitura dinâmica (relatório, p. ex.). Somente as 5% restantes merecem uma reflexão da minha parte. Assim procedo para evitar o information overload, algo que nos tolhe minutos preciosos que podem ser gastos em atividades mais interessantes. E por quê? Ora, tudo que o me interessa é seguir o smart money.

Acima está representado o price action do Dow Jones Industrials indexado ao SP Retail Index (índice mais amplo do varejo yankee) em período que se estende por boa parte do último bull market (ou qualquer coisa próxima disso). Observa-se que em ciclos de alta o setor varejista apresenta maior força relativa em relação ao DJIA (área azul). A esta seguiu-se uma fase de transição, embora nominalmente o price action ainda fosse de maneira clara favorável aos bulls. Não é recomendável zerar posições compradas nessa fase. Esses tipos de charts são pobres indicadores de timing. O início da fase de uptrend deveria ser o primeiro sinal de que um sinal de venda - de acordo com o trading system do operador - devia ter sido levado a sério. Nesta o setor de consumo se retrai relativamente ao índice das 30 blue chips dos DJ Industrials, refletindo comportamento defensivo do mercado. Notícias representam o passado. Por outro lado, charts never lie.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Money Flow To And From Big Caps in the U.S.


Chart acima mostra como o money flow se alterna entre big e small caps, representadas, respectivamente, pelo Dow Jones Industrials e Russell 2000. As elipses coloridas mostram os pontos de inflexão (um fundo e um topo) nominais no DJIA. A verde ressalta uma quase perfeita coincidência entre o fundo do último bear market em WS e o topo do gráfico indexado. A vermelha, por outro lado, reflete a meu ver uma grande confusão dos big players. Ao último topo nominal do DJIA seguiu-se um momento "inexplicável" de bullishness que seguiu até agosto desse ano.

O breakout recente - mostrado acima - alinha o smart money ao price action dos mercados. E confirma, finalmente, o bear market. Sob um ponto de vista meramente relativo, estamos diante de um baby bear, com um vida inteira pela frente. hehe

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

2002 Lows: Bye-bye?

Hoje o SP381* fechou abaixo das mínimas vistas ao final do último bear market. Há uns dois meses esperava que um dead-cat bounce emergisse a partir desses níveis. Cheguei a comentar o fato no Trading In Blog. Pelo jeito muitos players esperavam o mesmo. E pagaram pra ver. Bem, eu não paguei. O price action de hoje nos mercados yankees - conjugado com o aumento do volume - mostra que muitos bulls crédulos foram forçados a encerrar suas posições com perdas.

Preços não têm respeitado suportes teoricamente fortes. Passam como se não existissem (!). Claro sinal de deleverage, no qual as posições devem ser desfeitas a qualquer custo. O mercado de bens de consumo de "supérfluos" (por assim dizer) tem sido um dos setores leading no selloff, um dos sinais de que o fundo do poço ainda é invisível. A prioridade - como disse - é preservar o capital, principalmente o mental. Infelizmente percebo que essa é uma idéia demodé. Vejo investidores de primeira viagem bastante agressivos no atual estágio. Oh boy...

O que mais tem me impressionado é a quantidade de analistas predizendo que o fundo vai ocorrer no ano que vem...no primeiro semestre, no segundo, ou sei lá quando. Essa convicção - que no fundo denota esperança - me deixa cada vez mais no campo bearish.

* Várias empresas do atual SP500 já não possuem market cap (uns US$5bi, se não me engano) para fazer parte daquele índice. E esse número de párias aumenta a cada semana...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

SWAPS: Gambling In Corporate Life

Empresa de energia elétrica comunicou ao mercado em meados de agosto último que havia fechado uma operação de swap com uma instituição financeira. Mais uma! Dessa vez não se negociaram contratos do tipo target forward, operação que trucidou o resultado anual de algumas empresas de capital aberto.

O Conselho de Administração de dita empresa inovou (pra pior, claro). Vide trecho do fato relevante acima. Resumo da ópera: Os contratos de 60 dias só gerarão retornos positivos se houver valorização de suas ações ordinárias. Já a banca só perderá se houver valorização das ONs além de determinado ponto. Tal breakeven só pode ser calculado se forem fornecidos a taxa de performance mencionada e o percentual do CDI. Até onde verifiquei junto a um amigo, um dos maiores vendedores do papel era...Quem? Quem? A mesma instituição financeira que figura no outro pólo do contrato! Da data do comunicado pra cá as ONs já caíram mais de 25%. Ouch!
Bueno, os contratos estão limitados a R$50M, o que não deve ser suficiente para quebrar a empresa. Nas palavras do Sr. Diretor de Relação com Investidores:
"Este investimento financeiro (grifo meu) reflete a percepção da administração da XXXX quanto ao potencial de valorização das suas próprias ações."
You kidding me? Agora gambling é investimento financeiro? Gostaria de saber onde pescam esses gênios das finanças corporativas.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

II Survey Is Out Of Service



Dando continuidade ao cenário delineado do tipo "Odd Times, Odd analysis" constatei que a decana pesquisa quinzenal da Investors Intelligence (II) mostrando os percentuais de investidores altistas (bulls) vs. baixistas (bears) está se constituindo em um legítimo coincident indicator em 2008.


Contrarian investors de longa data sabem que a II Survey é um dos mais antigos "indicadores contrários" disponíveis. Uma das maneiras de se expor essa informação é plotá-la como foi feito acima (%bulls/bears). Elipses vermelhas ressaltam os últimos 3 fundos descendentes observáveis no bull/ bear ratio. As setas brancas no chart do SP500 registram os momentos aproximados no price action em que esses "fundos de pessimismo" se verificaram. Claramente observa-se que cada fundo mais baixo no SPX correspondeu a pessimismo crescente nos investidores, característica de um "indicador coincidente". Uh-oh. Odd times....

O recado é simples: quem continuar analisando os mercados da mesma maneira que tem feito nos últimos anos poderá ter surpresas desagradáveis no bottom-line.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Nobody Really Hitting The Panic Button...



Desculpem-me pelo lapso nos comentários, folks. Sometimes silence is gold. :)


Tenho comentado que na maior parte das vezes os mercados são dúbios. Mesmos technicians mais experientes em poucos momentos conseguirão ver indicadores (volume e breadth, p. ex.) e price action atuando em harmonia. Equity markets na minha opinião estão em território não mapeado com base na história das últimas décadas.

Não se percebe extremo de pavor nos players. Querem saber? Também não tenho explicação plausível para esse circunstância. Tomemos, a título de exemplo, dois tradicionais contrarian indicators similares: equity options [$CPCE] e total (equity+index) options [$CPC] obttidos na CBOE (Chicago Board Options Exchange). Diz que o put-call ratio obtido a partir das opções de ações (ticker $CPCE) reflete melhor o "dumb money", pois este é resultado das ações de small traders e investidores individuais. Os pros exploram mais as opções de índice (ticker $CPC). Os mercados aproximam-se dos lows de outubro último. Os topos - ressaltados pelas linhas amarelas - indicam que os retail investors estão mais exaltados com o price action, mas nada que caracterize extremo de pânico. Mercado difícil de ser operado...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Need A Reason To Stay On The Sidelines?

Em bom português, precisa de uma razão pra ficar de fora? Então aqui vai uma => clique aqui. Essa é a resposta pronta que tenho às pessoas que me perguntam se já não é hora de "investir". Pensem que o custo de oportunidade do dinheiro em Pindorama é altíssimo: a Selic!

Industrials: Nothing New Under The Sun

Há ocasiões em que vale um comentário mais extenso. Não me parece ser o caso. Para o fechamento da barra semanal resta apenas a trading session de amanhã. A perspectiva de alteração no último candle no weekly é, portanto, insignificante. E as máximas da semana sequer alcançaram a região delimitada na postagem anterior.

Followup: Apesar do volume no daily chart estar ainda abaixo da média (não mostrado), houve uma distribuição em relação ao dia de ontem. Isso, claro, nunca é um bom sinal.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Markets Still Playing Defense

Make no mistake. Apesar do rebuliço de setembro e outubro, o smart money ainda mostra-se coerente. A linha branca acima mostra o ETF Brazil (proxy do Ibov em USD). Até maio apresentou força relativa muito boa em relação aos outros mercados (vide proxies do NDX100 e do DJIA, p.ex.), incluindo o ETF Emerging Markets (EEM). Desde então entrou em rápido colapso, refletindo fielmente o selloff das commodities. Apesar da quicada corrente, continua com as maiores perdas no ano (year-to-date) e ainda é lagging. Tal fato sugere comportamento ainda nitidamente defensivo.

Pequeno followup: O chart acima é rico em informações. Uma delas é a que mostra perdas menores em 2008 para o nicho mais seguro dos mercados de risco: o das 30 empresas do DJIA (flight-to-quality). As perdas dos demais setores foram proporcionais ao seu risco, seguindo o padrão value-> growth, como se deveria esperar. Esse dado talvez choque alguns leitores que acham ser investimentos em blue chips de Pindorama um porto seguro. Questão de ponto de vista...o smart money acha que não é bem assim. Charts never lie.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Quick Look At DJIA

O que acontece quando o pior cenário possível é precificado em curto período de tempo? O ímpeto dos vendedores remanescentes não consegue mais depreciar o mercado analisado. Em sentido estrito, portanto, não é correto dizer que "não há mais vendedores" ou "há mais compradores que vendedores". Esse fenômeno é conhecido como exaustão (exhaustion). Tomando a história do mercado pós-Crash de 29 em Wall St., pode-se esperar alguma recuperação no curto prazo. A sazonalidade também favorece algum upside. Mesmo os mais agressivos nessas horas não se aventuram, pois ainda estão traumatizados pelo selloff brutal. Eventuais notícias ruins acerca de indicadores econômicos não conseguirão derrubar os preços. Toda a mídia ignara e os espertalhões canalizarão seus esforços para dizer que a situação não é tão ruim quanto parece e o pior já passou. Guess what?! Quando a maioria começar a se sentir confiante, será o momento em que o risco já não será desprezível.

Voltando à vaca fria...acredito que o provável rally no DJIA não consiga superar as áreas de oferta imediatamente acima (linhas tracejadas em laranja). Cabe ao technician examinar o cenário maior em que está inserido o price action e traçar estratégias compatíveis com o momento. Adotar sempre o mesmo setup gráfico indistintamente da conjuntura é meio caminho para a falência.