Essas foram as palavras do ex-Diretor Financeiro da Aracruz se referindo à perda de US$2bi em derivativos de câmbio (vide post anterior análogo). Meus comentários a seguir serão basicamente feitos em cima dos fatos narrados em sua pequena entrevista publicada no Estadão dia 26 último. Portanto, recomendo a leitura antes de seguir adiante.
Isac Zagury afirma que as operações eram de conhecimento de acionistas e da Administração da empresa. Alguém duvida de que não esteja falando a verdade? É possível que contratos dessa magnitude não sejam de conhecimento de comitês e Diretores? Com um pouco de bom senso, é possível chegar a alguma conclusão.
Um segundo ponto - que me causou espécie - foi saber que os bancos limitam suas perdas nesses contratos de "sell target forward", mas não limitam o tamanho do nabo do cliente. Genial! Já examinei contratos de pessoa física de swaps de dólar em bancos de varejo e não encontrei limitações de nenhuma parte, à exceção da necessidade de depósito de garantias quando a perda do cliente atinge determinado percentual.
O terceiro ponto - e é esse que me interessa - é ver que até hoje sobrevive o fato de que a explosão do greenback foi imprevisível, obra do acaso ou de Satanás. Passada a avalanche, é bem provável que a única preocupação das partes atingidas seja acionar ou se defender em aventuras judiciais. Descobrir por que ocorreu o grande prejuízo é desnecessário. Logo, minha conclusão é de que - caso se embrenhem em novas operações com derivativos - terão novos prejuízos. Esse comentário serve também para as demais empresas que se aventurarem nesse tipos de contrato sem contar com expertise.
Os 30 anos do Sr. Zagury no mercado não lhe serviram para muita coisa porque faltou-lhe expertise específica sobre price action nos mercados de livre negociação. Simples. O conhecimento específico em análise quantitativa e técnica é eficiente no gerenciamento de riscos. De vital importância é evitar as perdas e não auferir ganhos magistrais, principalmente em uma empresa cuja atividade operacional principal não seja a financeira. Posições vendidas de dólar - na minha opinião - já deveriam ter sido evitadas no início de 2008 por conta dos níveis de volatilidade de longo prazo baixíssimos então. Posições alavancadas em conjunturas desse tipo devem ser evitadas ou suavizadas. Um ambiente menos agudo seria o de alta volatilidade - como o atual - no qual o price action se alterna em uma e outra direção. Na baixa volatilidade, se o operador alavancado erra a aposta, ele está morto. Neste cenário, a reversão só ocorrerá um bom tempo depois, geralmente em um ponto inimaginável, fora do consenso do mercado. Os modelos VaR (Value At Risk) das empresas não funcionaram porque seus parâmetros-chave, do tipo "receita de bolo", se basearam em uma amostragem insuficiente de dados. Em suma, por eles a chance de uma reversão como a que foi vista era quase zero. E claramente o risco era palpável, pois alertei que uma reversão dramática estava à espreita...Enfim, folks, charts never lie.
10 comentários:
Às vezes, quase sempre, acho que quem ganhou na outra ponta tinha certeza absoluta que ia ganhar. Acho que você entende. Seria interessante se conseguissemos saber quem foram os compradores dos contratos. Em suma que lucrou com isso.
Ademais a SADIA, por exemplo é dona da sua Própria corretora, será quem ninguém lá tinha "noção" do tamanho do nabo?
Anonymous, acredito que um ou outro sabia do perigo. Infelizmente a tendência natural do ser humano é achar que pode se dar bem no ponto de inflexão...C'est la vie.
Se quer saber, anônimo...os bancos estão ganhando muito $ com esses "clientes espertos". Veja, p.ex., esses fundos de principal garantido em renda variável lançados pelo Personnalité e pelo BB Estilo.
charts never lie
mas...
é nas contrapartes que o dinheiro grande foi parar
e eles sempre mentem e fingem que erraram
hehe
sds!
Fact,
Em uma outra entrevista dele no Valor, são incríveis as declarações simplistas, do tipo: "Ninguem imaginava uma crise desse tamanho" ou afirmar que se assegurava que o dolar ficaria em 1,80 com base no boletim Focus... Billions on the line e os caras se embasando num achômetro de mercado!
1. S., a gente sabe disso. Mas não podemos dar nome aos bois. Advogado hoje em dia tá muito caro! :D
2. F., antes eu achava que só os leigos não sabiam que o consenso do mercado é um net loser. Agora vejo que os dotô de terno também não sabem! Por isso, 90% não ganha sequer da renda fixa em bolsa. hehehe
me desculpem mas penso que todos vô6 estão sendo maldosos e errados:
tais dirigentes e seus conselheiros são pessoas bem intencionadas e inocentes,
portanto
merecem,
100 ANOS DE PERDÃO...
Aguia concordo com o seu comentário.
Afinal eles trabalham por prazer (sic) jamais aproveitariam da própria companhia que ajudaram a contruir. Aliás jamais comprariam um contratinho de USD. Na verdade eles venderam mais ainda pra dar uma "força" extra pra empresa.
Como eu escrive in ápice. Eu acho e é às vezes.
É a vida!
Imagina eles devem ter sido alunos do nosso ilustrissimo grão mestre Deram um Fim.
Foi só uma receitinha de bolo com o fact fala... o bolo cresceu e eles dividiram...
;)
:X
quá... perdoar é o Divino...
'Amem' uns aos outros é meu lema.
sei lá... Maldade, não é comigo!!!
tipo assim, vc pega os caras muito 'ativos em derivativos a deriva' - TODOS, principalmente os que brincavam de fazer "a gata parir" nos Bancos dos Jardins das Praças do MFI - então encosta tudo no MEIO-FIO (...tal detalhe tem a ver com Estatura moral e ética) e manda o Divino da Metralhadora mirar e 'perdoar' êles.
'Amém'.
rsrsrs.
Como o PT sempre diz a culpa é do FHC. SE os diretores tivessem o chart mensal semilog do Dolar teriam encerrado as operações de venda em dolar em setembro quando mesmo rompeu a LTB desde março/2003
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