Em janeiro de 2010 postei comentário sobre Nissim Taleb mais por partilhar das suas ideias quanto ao idiotismo e alienação da mídia especializada em finanças que propriamente do seu conhecido conceito, extremamente subjetivo, de Black Swan.
O crescente uso de redes sociais, de page views como sinônimo de sucesso deteriorou tremendamente ao longo dos anos o conteúdo de vários sítios interessantes. Uma das muitas maneiras de se fazer isso tem sido agregar um contador de visitas a artigos. Qual meu interesse em saber quantos visitantes viram artigo de fulano ou beltrano, propositalmente ou por acidente? Uma outra - objeto desta postagem - é mais sutil. Consiste em "analisar" ativos simplesmente porque fizeram um movimento chamativo, comumente um rally ou selloff curto. Dentro dessa prostituição geral catalisada pelas redes sociais, o propósito do autor é provavelmente comercial. A esse hábito moderno dei o singelo nome de "análise de reação" porque é apenas reflexo de um curto movimento de preços. E não raramente consiste em um consistente sinal contrário de, pelo menos, curto prazo.
As análises de reação mais populares essa semana foram as que abordaram o bond market crash. Por que será? (vide proxy do Treas. bond anexo). Até o final do mês passado eram as do equities crash. As mais engraçadas são aquelas que racionalizam movimentos futuros, coisas do tipo "10 reasons why..." Via de regra, os leitores gostam muito de raciocínios lineares, que estimulam o herding (comportamento de manada). Coerentes com a herança genética de seus ancestrais, sentem-se à vontade diante do familiar. Buscar grandes significados em movimentos insignificantes hoje é mandatório na Internet (vide comentário de N. Taleb em azul).
Note-se, por isso, que as redes sociais prestam-se a muitos serviços, menos ao da especulação promissora. Que analista "conectado" anunciou o rally nos futuros de prata que se iniciou em fevereiro/2011? Que analista - com milhares de seguidores no Twitter -comentou que a compra de Treas. bonds era trade de alta probabilidade em março/2011? Não me entendam erradamente, meus caros...creio serem insubstituíveis para vendedores, consultores, pastores evangélicos, cantores, "comedores" et alli que encontraram no marketing digital caminhos até então inimagináveis. Só que no mundo da especulação, infelizmente, menos significa mais.
As análises de reação mais populares essa semana foram as que abordaram o bond market crash. Por que será? (vide proxy do Treas. bond anexo). Até o final do mês passado eram as do equities crash. As mais engraçadas são aquelas que racionalizam movimentos futuros, coisas do tipo "10 reasons why..." Via de regra, os leitores gostam muito de raciocínios lineares, que estimulam o herding (comportamento de manada). Coerentes com a herança genética de seus ancestrais, sentem-se à vontade diante do familiar. Buscar grandes significados em movimentos insignificantes hoje é mandatório na Internet (vide comentário de N. Taleb em azul).
Note-se, por isso, que as redes sociais prestam-se a muitos serviços, menos ao da especulação promissora. Que analista "conectado" anunciou o rally nos futuros de prata que se iniciou em fevereiro/2011? Que analista - com milhares de seguidores no Twitter -comentou que a compra de Treas. bonds era trade de alta probabilidade em março/2011? Não me entendam erradamente, meus caros...creio serem insubstituíveis para vendedores, consultores, pastores evangélicos, cantores, "comedores" et alli que encontraram no marketing digital caminhos até então inimagináveis. Só que no mundo da especulação, infelizmente, menos significa mais.
4 comentários:
meu caro mestre e cumpadi MOICANO:
tanto mais sábio é pregar no deserto, quanto mais se tornam assim veneraveis as palavras, pois que melhor e mais sapiente não há que tal ouvinte silente; e a glória, in fact, está em pregar, bem mais que em qualquer ressoar...
SIGAMOS pois.
Tks for your concern, Akilino. No entanto - como não sou palestrante, gerente de banco e similares - prefiro a minha meia dúzia de seres pensantes a um séquito de cretinos. :)
Otimo esse conceito de "analise de reacao". Provavelmente, eh a melhor definicao para o marketing financeiro atual. Incorpora bem tanto o aspecto tecnologco da questao quanto o comportamental. Parece ser uma forma de banalizacao de informacao de curtissimo prazo sobre questoes irrelevantes maas que, devido a sua propria dinamica, tem tambem impacto sobre como movimentos mais relevantes de preco sao analisados. Em resumo, uma padronizacao por baixo da analise.
Gustavo, boa sistematização. Todas essas propagandas são espécies do gênero MARKETING DIGITAL. Mas o objetivo é o mesmo: apenas COMERCIAL. O marketeiro do séc. XXI vale pelo que gera de pageviews. Essa é uma via sem saída. Ou o profissional adere em maior ou menor grau ao marketing digital ou está morto. Alguns sítios até têm promovido uma fusão/aquisição digital ao incorporarem análises de terceiros aos seus conteúdos. Isso explica por que o nível informativo dos sites americanos, ingleses, etc. de viés técnico ou fundamentalista vai de mal a pior. É um processo irreversível de imbecilização em massa. Guardo análises impressas desses mesmos sites feitas há 10 anos e fico bestificado com o que se escrevia na época e o que se faz agora. []s
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