Grandes personagens da História tinham certa queda por especulações financeiras. Se Shakespeare tivesse sido um especulador teria dito a frase acima. "Estopes de perda" (stop losses) foi apenas mais um dos assuntos que nunca comentei por aqui. Fa-lo-ei exclusivamente apenas esta vez. Lembrete: o MFF não tem propósito didático. O que comentarei abaixo é apenas uma visão pessoal dos stop losses.
Pra começar, esse é uma das áreas de estudo mais espinhosas com a qual me deparo porque, na minha concepção, o acompanhamento real-time dos ticks é geralmente superior a qualquer estratégia de stop loss. No entanto, essa não é a alternativa mais adequada para o investidor médio, seja pela natural falta de tempo, pela existência de várias posições abertas ao mesmo tempo ou pela falta de preparo mental e disciplina.
Onde colocá-los? Em termos práticos, os estopes devem ser inicialmente colocados nos pontos além dos quais nossas premissas tornam-se estatisticamente inviáveis. Essa é a única definição universal. Period. É muito comum que investidores até com alguma experiência atribuam culpa aos estopes quando, na verdade, o maior responsável seja a premissa inicial inconsistente. No popular: se o ponto de entrada é ruim dentro do timeframe de operação, seus stop losses serão constantemente acionados. Nesse momento, o freguês deve parar e examinar o que está fazendo. Quase certo que não tenham edge no mercado. Leia-se, perderão com ou sem estopes. Um conselho útil (e raro de ser visto): Evite posicionamento de estopes em regiões preferidas pelos retail investors. Saídas forçadas em sequência, junto com a turba, causar-lhe-ão marcas indeléveis do saldo na corretora. A evolução do posicionamento dos stops em meio ao trade management não é um problema menor, já que essa atividade envolve estados psicológicos altamente dinâmicos. Infelizmente o assunto é extenso para ser tratado em um blog.
Fundamentalistas (principalmente os ortodoxos) têm grande dificuldade em adotar estopes técnicos ou percentuais, principalmente porque partem da premissa de que suas análises estão certas e o market price, errado. Certamente foi pensando assim que em 2008 o renomado value investor Bill Miller - à frente do Legg Mason Value Trust - destruiu uma fantástica performance de 15 anos em Wall Street (aqui). Pragmatismo é uma das armas indisponíveis no arsenal dos ortodoxos.
Fundamentalistas (principalmente os ortodoxos) têm grande dificuldade em adotar estopes técnicos ou percentuais, principalmente porque partem da premissa de que suas análises estão certas e o market price, errado. Certamente foi pensando assim que em 2008 o renomado value investor Bill Miller - à frente do Legg Mason Value Trust - destruiu uma fantástica performance de 15 anos em Wall Street (aqui). Pragmatismo é uma das armas indisponíveis no arsenal dos ortodoxos.
Percorrendo o caminho natural da curva de aprendizado, chega-se a um ponto no qual os estopes devem mostrar sua utilidade. Um "causo" recente: em meados de julho um amigo de Nova Iorque - trader de track record consistente - entrou em uma operação vendida em derivativos de ouro. Estabeleceu um estope de perda e um de ganho ao mesmo tempo. E saiu para almoçar. Contou-me que enquanto pagava a conta, conferiu como andava a operação. Não havia ordens pendentes (!?) Haviam liquidado a posição com estope de perda (!?) [Em uma stop loss normal a ordem stop vai a mercado, por isso o slippage geralmente é maior. Uma ordem stop limit garante um slippage menor, mas corre o risco de não ser executada.] Qual teria sido a causa do intraday black swan? Hat tip to Mr. Helicopter Bernanke.
Resumo da ópera: dada a distribuição estatística de preços livremente negociados, é certo que, sem stop losses, o freguês devolverá rapidamente seus lucros (ou boa parte deles) em poucas perdas grandes e "inesperadas". A questão não é "se" e sim "quando".
Resumo da ópera: dada a distribuição estatística de preços livremente negociados, é certo que, sem stop losses, o freguês devolverá rapidamente seus lucros (ou boa parte deles) em poucas perdas grandes e "inesperadas". A questão não é "se" e sim "quando".
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