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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Mercados Financieros: Crime And Slime

Sempre quando algum neófito me pede referências bibliográficas sobre investimentos em renda variável penso se antes de receitar obras consagradas de Magee ou Graham não deveria estimulá-los a ler clássicos como "O Príncipe", "As 48 Leis do Poder" e coisas do gênero. Devem estar imaginando que "peguei pesado". Por certo que não. Por trás dos ticks estão pessoas. E por trás destas, interesses pessoais, mesquinharias e desvios de conduta tipificados, conhecidos como delitos.

Ocorreu-me abordar o assunto ao ver que ontem Cemig PN apresentava baixa de quase 1%, enquanto o índice do setor elétrico exibia alta superior a 1,2%. A chance dessa performance inversa ocorrer em circunstâncias normais é próxima de zero. Não coincidentemente no final do dia, após o encerramento do aftermarket, a empresa de Minas Gerais divulgou notícia de que estava adquirindo o controle da Terna. Estranhos acontecimentos sempre ocorrem às vésperas de divulgação de fatos relevantes sem que a fiscalização estatal, incorporada pela CVM, mova uma palha.

Não faz muito tempo as ações PN e ON de Petrobrás mostraram grande força relativa por dias, enquanto o setor patinava em Wall St. e na Europa. Logo depois, a então Sra. Ministra das Minas e Energia, anunciava a descoberta do campo petrolífero de Tupi. O resto todos sabem. Ações explodiram. E suas opções mostraram valorizações percentuais na casa de 3 dígitos em poucas horas. Diante do "batom na cueca", a egrégia CVM foi incitada a atuar. Suspeição forte de uso de informação privilegiada recaiu sobre um dos gerentes da estatal. Conta a lenda que o presidente da empresa deixou o recado: "Sumam com esse camarada daí. Não quero mais vê-lo". Parece que se aposentou (com uma bela bufunfa, claro). Qualquer R$100k "investido" em opções se transformou em tenbagger em um mês. A título de curiosidade: o outrora lucrativo assalto a instituições bancárias hoje em dia dificilmente rende ao(s) meliante(s) quantias superiores a 50 mil reais. Ganha um pirulito se me apresentarem nome de alguém que tenha sido multado ou denunciado pelo Ministério Público no episódio. E la nave va...

A socialite e magnata Martha Stewart fez o mesmo em terras yankees. E entubou uma cana por sete meses em um presídio. E mais cinco em prisão domiciliar, além de multa. Isso para evitar uma perda de US$45k. Cá entre nós, uma micharia. Enfim...falta muito para Pindorama atingir o estágio dos mercados yankees. Nosso passado patrimonialista lusitano, impregnado pela herança latina tradicionalmente mesquinha, é um forte handicap à operacionalização transparente e ética de bolsas de valores.

7 comentários:

Scarassatti disse...

Peço escusas antecipadamente dalguma eventual pecha.

Lembrei-me de frases que coadunam o trazido a baila.

"Na bolsa nenhuma verdade dura mais do que 15 minutos"(de um antigo digladiador de suas explanações no BRSM)

"Em WS as pessoas vão de limousines pedir conselho às pessoas que chegam de metrô" (Alxander Elder)

Enfim WS e Xv de Novembro não são lugares para o cumprimento atos jurigenos e sim do fazimento das pecunias.

Anônimo disse...

Depois de 500 anos a culpa é somente nossa, rsrs. Deixemos em paz os lusitanos.

Quem escreve tem pouco a ver com a terra de Camões e sim com a Toscana, portanto, estou isento nessa.

Abs

Samuel Ramos disse...

É por essas e outras que cheguei na seguinte conclusão: para entender o mercado financeiro o vivente precisa entender também como funciona a mente de um criminoso.

aguia disse...

han?!...course!

...bela perola Samuca!!!

Fact Finder disse...

O repertório é amplo, folks.
Vão de contravenções a crimes graves...
Outro exemplo: que tal as empresas que negociam seus papéis ex-dividendos e seguram ad eternum a transferência aos acionistas? E quando o fazem pagam o mesmo principal, sem qualquer correção (certamente não são obrigados a fazê-lo por Lei). Os rendimentos obtidos INDEVIDAMENTE pelas Diretorias devem bancar orgias, viagens pelo mundo de Conselheiros et alli. Na minha terra isso se chama apropriação indébita.

Samuel Ramos disse...

Fact,

E que tal o diretor que faz uma aquisição que é um gol contra para os acionistas, pagando um preço inflado numa empresa e sob a ameaça das duas maiores autoridades financeiras (chefe do Tesouro e do banco central) que se ele não bater o martelo, irá perder o emprego para alguém que faça o que eles mandam?
hehehe

Fact Finder disse...

S., abuso de poder das autoridades ou formação de quadrilha, cfe. o que for apurado em inquérito policial.

Por todos esses "causos" conhecidos a gente percebe que o crime sob a sombra da Lei das SA é o único crime (quase) perfeito. Mas, como você lembra, Samuel, é para poucos.