Depois da China, agora bancos indianos solicitam permissão do Banco Central daquele país para recomprarem ouro de investidores, contribuindo para a liquidez do mercado secundário. Pelas regras atuais somente possuem autorização para operações de importação de ouro físico (bullion) feitas em consignação de joalheiros e varejistas (clique aqui). Maior liquidez significa maior prêmio. Estariam estabelecidos os pressupostos para a formação de uma bolha nesse mercado? Permitam-me continuar com digressões a esse respeito.
Primeiro...seria de bom alvitre definir o que pode ser chamado de bolha. Um technician diria que é consequência de um blowoff de longo prazo. Um fundamentalista, que é uma precificação irreal (valuation) de determinado ativo. Mas tenho uma pergunta: como se precifica um ativo que não paga dividendos ou cuja empresa não divulga balanços ou receitas? Enfim, como se precificam os metais preciosos? Qualquer método de valuation usado para esse fim não será nada mais que rocket science. Por essa razão acredito ser a primeira definição a melhor, mais abrangente.
Nessa seara de bolhas passei por alguns momentos esdrúxulos quando investidores de pouco tempo de janela me perguntavam se determinado mercado não seria uma bolha pronta para estourar. Minha resposta invariável era: "Se fosse realmente você não me perguntaria". Essa, portanto, é uma das regras basilares: a iminência de blowoffs não é de domínio público. Os mercados de metais preciosos estão muito longe de serem considerados investimentos populares, mesmo em grandes países consumidores. Ainda há uma longa estrada a ser percorrida pelos agentes financeiros até que sintam demanda popular reprimida por produtos do gênero. Será que algum banco de varejo de Pindorama considera atualmente lançar um fundo lastreado em ouro ou platina?
No evento de São Paulo* pretendo mostrar uma metodologia desconcertantemente simples para medir o grau de participação e entusiasmo popular nos movimentos de ativos livremente negociados, a bubblemeter if you will. :) Essa ferramenta me permite afirmar que o topo do Crude Oil, em julho/2008, quase na casa dos US$150 representou o estouro de uma bolha. E serão passados alguns bons anos até que preços retornem a esses patamares, apesar de toda bullshit (bem racional, por sinal) de oferta e demanda dessa commodity que leio por aí.
* Compromissos pessoais têm me impedido de definir uma data. Brevemente lançarei nova enquete com novas datas possíveis.
4 comentários:
Vale um pitaco? Food for thought. No caso de commodities, em geral, as parabolizações são muitas vezes devidas ao pânico e não à euforia. Foi o caso do sugar em 2005. O oposto das bolhas em ações. Pânico de quem? É só ver quem perdeu dinheiro com a alta do sugar (acompanhei de perto esse mercado e descobri coisas que eu nem imaginava). Sobre valuation. Preço tal que gere substituições como no níquel que chegou a ser cotado em 5 x o custo de produção. Salta aos olhos, right? Compare com o custo de produção do ouro (custos produção de matérias-primas explodiram com o petróleo). Faz o teu queixo cair? Not yet. Está barato? Não. Outra, quando o preço é tal que estimule uma oferta excessiva pelos produtores, salvo carteis (que tal os IPOs em 2007? nesse exemplo, produtores foram os emissores). Outra, presença maciça de pessoas físicas como as filas em NY no início da década de 80 para a compra de ouro (essa não é da tua época), foto estampada no Estadão.
Timing? O mercado faz o timing, mas no caso de commodities há um price action típico (que, pelo que afirmou, será pauta do teu curso e do meu também, rsrs). Por que a bolha na Nasdaq somente estourou após 5 ou 6 puxadas nos fed funds desde junho de 1999 e não na segunda ou terceira elevação? Qual foi o trigger do estouro na Nasdaq? Ameaça de split da Microsof? Uhmm, sei não. Até hoje eu não descobri (e costumo anotar os principais eventos do dia e quando eu consulto o dia 23/03/00 o espaço está vazio). Até o momento as condições de bolha no ouro ainda são tênues. Valuation ainda não salta aos olhos. Mas já existe escassez de cofres! Mas por enquanto devido à procura especuladores mais agressivos. O varejo ainda está fora. By the way, os ETFs do ouro não têm lastro suficiente. É um outro traço, mas talvez falte uma capa da The Economist, a campeã em identificar topos.
KB
hehe... vou meter minha colherzinha de pau...
seguinte, feras... digo, fellows:
como estamos carequérrimos de saber
o ADEBH (Abafa Estouro Bolhístico das Houses... rs: kBei de inventar esta merda) costurado na famosa reunião nas coxas do G-20, para aquela tchurma EMITIR grana a beça
(FED na frente) e assim estancar - pelo menos porrrrralgum tempo a COISA que a multiplicação jesuita dos derivativos CRIOU, foi (êle, ADEBH) um remédio provisório, para dar tempo a que os Govêrnos revissem e aperfeiçoassem as regras e práticas (principalmente as 'TAIS') do SFI, etc, etc, etc...
e daí?
daí que nada, nadinha - depois do "cala boca aí dona crise" - fizeram além de entupirem o muuuundo de dinheiro papel impresso às pressas e criarem todo tipo de incentivos, subsidiados course (vd e só a exemplo a "manutenção" do rítmo alegre no mercado imobiliário gringo e adjacências, e phode meter uma porrada de etc aí.
o gold?
axu ki não amarela por ora.
craro... vai sim ter sua bôlha, linhases já tá tendo e faz é tempo óh, perguntem pru RR... e pessoas físicas; jurídicas e BCs de govêrnos (inclusive os tais G-vinteanos) vão dar uma de cabra cega tentando proteger-se...
k-rái?!...
proteger U Q do Q???
quá... nem vale a pena discutir tal bosta; pois no fundo, lá no fundinho, a gente sabe que isso sempre acaba com us homi fazendo a gata parir nús Bancos, de um jeito ou de um jeitinho, né, uái?
é aproveitar a festa dourada e sair antes que se acabe levando rasteira...
COMO SEMPRE, nos bursateis é na porrada, course.
e a remodelação e aperfeiçoamento do SFI, perguntem ao cara do FED e prus 19 rabos de tal BIG DOG?
U Q?... (será a resposta deles).
BRAÇÃO PRO 6 DOIS!!!
1. Kay Bee, pitacos são sempre bem-vindos. Todas essas peculiaridades mencionadas por ti são boas pistas. A dinâmica das commodities e moedas segue uma psicologia mais conturbada diante do grau de alavancagem, quase sempre empregado. Entretanto, como diz um renomado trader yankee: "A diferença entre o quebra-cabeça real e o do mercado é que neste nunca sabemos quando temos todas as peças". :)
Por isso procuro me ater ao que poderia chamar de "core criteria", aqueles que estão presentes em 80-90% do requiém das bolhas. De todos os critérios, o mais importante é o grande apelo popular pelo ativo e/ou seus derivativos. Mas há que se ter cuidados e não aplicar cegamente esse termômetro em contextos locais. Por exemplo, em Pindorama um bolha no Crude Oil jamais jogaria pequenos especuladores locais na NYMEX e sim de cabeça nas empresas do setor, mormente Petrobrás, o que, em tese até faria mais sentido. Não fosse ela uma empresa de controle estatal em um país politicamente subdesenvolvido.
2. Amigo Akilino, quando trombadinhas vestindo a indumentária do "Mais Querido do Brasil começarem a arrancar dentes de ouro de transeuntes na rua terei certeza de que o estouro da bolha é iminente. rsrs
[]s
KB, a propósito, de 2 anos pra cá tenho acompanhado emissões iniciais de ETFs e ETNs e - mais importante - o tipo de holdings do fundo. O mapeamento correto desses arroubos de oportunismo de bancos deve fornecer uma correlação significativa entre lançamentos e débaclé de ativos no futuro.
[]s
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