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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Value At Risk vs. Black Swans

Uma conhecida empresa produtora de celulose carrega uma posição em derivativos cambiais da ordem de US$6bi, conforme noticia um portal de uma conhecida publicação de negócios. Diante desse cenário, o resultado, na melhor das hipóteses, será um pedido de concordata. Mesmo com o alongamento do prazo de pagamento dos passivos gerados pelos contratos, o fardo é muito alto para a geração de caixa da empresa.

Esse blog não é portal de notícias. Interessa-me mais perquirir a respeito das origens de um desastre e quem sabe outras empresas não continuem cometendo as mesmas tolices. Nos cursos de MBA de Dona Marocas ensina-se aquele tradicional modelo/sistema de gerenciamento de risco: Value At Risk (VaR). Fornece ao gestor a probabilidade de ocorrência de determinado evento (perdas, no caso) por um determinado período. Claro que a quantidade de dados passados (amostragem) é fundamental. O modelo conhecido exclui mercados anormais e trading (leia-se, traders atuando contra o modelo). Ora, não é o que estamos presenciando desde julho? Nassin Taleb, autor de Fooled By Randomness e de The Black Swan, é o crítico mais famoso do modelo. Classifica-o de charlatanismo, pois eventos raros (Black Swans) não podem ter sua probabilidade estimada.

Sobre o assunto prefiro ficar no meio-termo, junto com Aristóteles. Um amigo - diante das minhas fundamentações feitas nas postagens - alcunhou o Credit Crunch de Gray Swan, definição criativa com a qual concordo plenamente. Fosse um legítimo Cisne Negro jamais poderia eu ter apontado a iminência de reversões claras em alguns mercados, antes que se tornassem óbvias para todos. O mais impressionante é que empresas de capital aberto com faturamentos anuais na casa de milhões de reais não possuíam assessoria financeira ou pessoal especializado com qualificação suficiente que mostrasse a precariedade de seus sistemas de gerenciamento de risco para o momento.

Os charts de equities que vejo hoje em dia fazem lembrar os charts históricos de commodities agrícolas (soja, algodão, milho, etc.), tipicamente exibidores de blow-offs dramáticos. Alguns preços de commodities não voltaram nem próximos a seus topos históricos feitos há mais de 30 anos (soja, p. ex.) Minha conclusão é óbvia. A julgar do price action incomum, sou levado a crer que o processo de deleveraging ("desalavancagem") é um dos fatores, senão o principal, da débâcle atual dos mercados acionários e levará preços a patamares inimagináveis. Para terminar: preços só sobem ou caem. Quem sente algo é você.

6 comentários:

Samuel Ramos disse...

Essa beleza do mundo acadêmico é espantosa.

Nos livrinhos de VaR é tão fácil ganhar dinheiro.

E ainda por cima, lucros teóricos não pagam imposto.

Quero muito viver nesse mondo!

aguia disse...

e quando o cara tá sentado, quando mais tempo demorar pra levantar mais faz doer.

Fact Finder disse...

S., vivendo no mondo teórico é que a rapeize do LTCM levou ferro no mundo real. :)

A., só se tiver artrite. hehehe

Samuel Ramos disse...

E com a diferença de que os amigos da LTCM pelo menos tinham um Nobel no currículo, foi uma pilantragem, digamos, intelectualizada.

Leo disse...

Fact, um cisne negro não é necessariamente imprevisível para todos, lembre do exemplo do peru. Para ele o almoço de ação de graças é um cisne negro, mas para a família é só uma festa...

Fact Finder disse...

Sem dúvida, Leo. Imprevisível por todos tomado em sentido amplo, não estrito.