Ontem à noite o Departamento de RI da Gerdau soltou um email aos acionistas avisando que viria uma oferta primária significativa pela proa (R$2,8bi e 1,2bi para a Gerdau e Metalúrgica, respectivamente). Alguns souberam antes, como sempre. Um cliente de uma corretora vendeu um caminhão de Gerdau PN até as 19:30h, levando o preço da ação até os 2% permitidos, abaixo do fechamento no período normal.
Sempre que esses fatos relevantes vem à público, ponho meu thinking cap e avalio o que levou os Conselhos de Administração a escolherem esse ou aquele momento para tomarem suas decisões: aquisições, fusões, programas de recompra (buybacks), etc. Vejam que não avalio a conveniência do ato de gestão, apenas o timing. No caso da empresa do clã Johanpetter, tenho observado - ao longo dos últimos 3 anos pelo menos - a adoção do método "Sell into strength!"
Tomemos o price action de Gerdau PN, por exemplo. 54 reais tinha sido o teto do papel desde outubro do ano passado. O rally do mercado iniciado na segunda metade de janeiro levou quase em linha reta o preço para acima desse patamar. Analisando o chart semanal, chega-se à conclusão de que uma compra no momento do rompimento pra cima (breakout) é contra-indicada. Mas o que os neófitos fazem? Sempre compram breakouts sem muitas considerações, claro. Só lembrando: Falsos rompimentos (fakeouts) costumam potencializar movimentos em sentido contrário, folks.
Percebo que essa é a mesma visão do board da Gerdau. Existe uma idéia disseminada no mercado de que gestores de empresas tratam com desdém o price action de seus papéis e atuam segundo seus planos de negócios, apenas. Não parece o caso dos administradores da Gerdau. Um dia desses ainda vou ver um livro nas prateleiras das livrarias com o título "Trade Like the Johanpetters."
3 comentários:
Fact,
é claro que os CEOs e os controladores preferem vender (seja primária ou secundária) quando está caro. E de preferência, caro e subindo...
Quem é que faz ao contrário?
Olha como os caras são inteligentes:
se vc emite uma PN quando o dividend yield está em 2%... isso é a mesma coisa que captar dinheiro sem vencimento a 2% a.a. (que seja 4% a.a., 6% a.a. se o payout dobrar e o lucro crescer).
E além disso, como o P/VPA está bem maior que 1, um bom pedaço do $$$ novo vira patrimônio pros acionistas antigos.
Lafa, desconheço quem faça ao contrário, mas tb. desconheço quem o faça com a precisão dos Traders Johanpetters...
Concordo com suas contas. No entanto, carecem de uma expressão muito utilizada pelos economistas: Rebus sic stantibus (permanecendo as coisas como estavam antes). E sempre entendi que os Gerdaus não são lá paradigmas de governança corporativa...
Postar um comentário