DISCLAIMER


DISCLAIMER: 1. The risk of trading equities and/or derivatives can be substantial. 2. Any decision to purchase or sell as a result of the opinions expressed in this blog will be the full responsability of the person authorizing such transaction. 3. Past performance is not indicative of future results.

terça-feira, 31 de março de 2009

Chickens Come Home To Roost

[Querem saber o que penso a respeito? Não vou encompridar...Leiam Markets by Fact Finder: No Creo En Brujas Pero...]

My Short-Term Bullish Case For...- II

[Para relembrar a postagem correlata, clique aqui]

Aconteceu o que era esperado depois do primeiro rally pós-breakout: um padrão de continuação. O price action de ontem em Telesp PN deve ter servido de gatilho para a entrada de alguns swing traders. Pausas são necessárias para forçar a saída dos weak-hands e daqueles que já se dão por satisfeitos com a rentabilidade. Desde que entrei no papel, seu retorno positivo mostrou-se maior do que o do Ibroxespa. E o 51 referido antes é hoje 50,20 (ex-dividendos).

No geral, o price action dos mercados ontem (30/03) fez diminuir a chance de superação de importantes regiões de oferta, citadas várias vezes aqui. Acredito na sequência em um processo de rollover que a essas alturas torna-se um sinal de alerta aos "taurinos", dada a relativa baixa volatilidade no curto prazo. Esse hiato pode durar de dias a semanas, sem que uma direção seja tomada. Há operações em derivativos indicadas para essas ocasiões. Lembro sempre que em 70% do tempo preços estão em congestão.

Outro dia leitor fez um comentário curioso. Achou que eu estava "otimista" porque sinalizava na oportunidade a subida de preços. Subliminarmente fez-se uma observação de que quem não acredita em alta é depressivo/pessimista. É possível estar apenas bullish ou bearish. Preços só sobem ou caem. Quem auto-define seu estado de ânimo é o operador.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Words Of Wisdom From A She-Technician

Assisti a uma entrevista de 5 min com Linda Raschke - uma das technicians mais atuantes nos últimos anos - cujo assunto principal era o mercado de ouro. Como não sou operador do nobre metal, prestei mais atenção às idéias genéricas que pudessem ser aplicadas a qualquer mercado. Sintetizaria as falas mais importantes, na minha opinião, conforme seguem:
  • "Honestly I don't think anyboby can predict where markets are gonna go...on the upside or the downside": Havia um famoso guru em Pindorama que dizia, desde 2000, que o Ibroxespa iria a 37 mil. Na época estava ainda entre 8 e 12 mil. Anos depois, quando essa pontuação foi alcançada, fui examinar a performance do clube de investimento do guru. Estava, se não me falha a memória, só levemente acima do benchmark. Como isso é possível? O que tenho visto ao longo dos anos é que os maiores profetas não confiam em suas profecias a ponto de empenhar algum dinheiro próprio;
  • "Follow the technicals. Don't think where it's going to be too far out in the future": Eu mesmo não faço a mínima idéia de onde estaremos daqui a um ano. Só que isso realmente não me interessa. Pessoas quebraram ou dobraram seu patrimônio em tempo inferior a isso. Mercados em geral fornecem 3 ou 4 oportunidades excelentes por ano. E é esse timing que os investidores médios/não-profissionais deveriam perseguir;
  • "In an deflationary we find that the degree of correlations between markets increases... to the downside": Nos últimos meses pudemos ter uma boa amostragem do que Linda comentou. Observou que a obra conhecida de John Murphy foi feita refletindo um ambiente inflacionário. Só para exemplificar...que tal o case atual em que Gold e USD têm apresentado correlação positiva? Eventualmente as relações se restabelecerão.

domingo, 29 de março de 2009

Ways Not To Take Responsability

Estava pensando nas várias maneiras de se eximir de responsabilidade nos mercados de livre negociação. Uma delas já havia comentado: o maldito "longo prazo". Há uma outra que observo com certa frequência.

Leitura e estudo: Profissionais que sempre gostaram de estudar acreditam que ler vários livros sobre análises fundamentalista e/ou técnica, biografias de grandes investidores os fará abreviar a parte prática da atividade. Pela Internet tenho visto alguns casos em que essa arrogância intelectual cobrou um preço caro. Essas pessoas tendem a comparar o status profissional com seu status de investidor. Depois de muito "estudo", pode ocorrer que este esteja muito distante daquele. A dor interior torna-se desagradável ["li todas as obras de fulano de tal como posso ter um desempenho medíocre desse?"] E o profissional de sucesso desiste da renda variável. Conheço gente que parece saber tudo na teoria e nada na prática (consultores). E não consegue traduzir o conhecimento "acadêmico" em performance. [Algo similar ao que ocorreu com aquele professor da PUC/RJ e consultor que deixou uma conhecida firma de investimentos]. Em Pindorama há um tipo de gestor de fundos e clubes de investimento sui generis cujo principal patrimônio é o networking e o insider information. Mas faz transparecer aos cotistas que investe de acordo com alguma metodologia conhecida e facilmente adotada por qualquer um.

A única maneira de se aprimorar nessa difícil arte dos investimentos (ou especulação, como preferirem) é passar pela learning curve na prática. Esta lhe permite saber o que funciona em determinado mercado e o que não funciona em determinada exposição a certo nível risco. Os "acadêmicos" não entendem por que a teoria preconiza uma coisa. No entanto, na maior parte do tempo acontece outra. Os "acadêmicos" podem ter viés técnico ou fundamentalista. Em Pindorama há analistas conhecidos que se encaixam nessa classe [há um que toda semana aparece com um indicador novo]. O que os úne é a paixão pelo estudo de determinados ícones e suas teorias. Não compreendem que certas celebridades são outliers, pontos totalmente fora da curva. [Estes conseguiram adaptar seu método às realidades econômico-sociais e ao ambiente em determinadas épocas]. Não conseguem adaptar ou desenvolver um método próprio e percorrer a learning curve.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Stick To Your Guns


[Primeiro relembrem o que escrevi na breve análise anterior do Energy GS Commodity Index clicando aqui]


Em seguida aos 3 fechamentos acima de uma média móvel (moving average) [MM] relevante para este mercado, houve dois dias com candles do tipo "belthold" (totalmente vermelhos). E o último deles teve fechamento abaixo dela nas mínimas do dia (vide elipse amarela). Claro que mais tarde ao acontecimento percebi a violação. Permaneci quieto porque na minha visão foi irrelevante. Bem poderia no dia dizer...errei! No entanto o big picture dos demais mercados me dizia o contrário. E acredito que muitos technicians ainda meio crus colocariam até um stop loss logo abaixo da MM. Seriam "estopados". E o GJX subiria sem o trader/especulador a bordo...

Technical analysis está longe de ser uma atividade preto-no-branco. Dificilmente o chart acima seria aproveitado em um textbook sobre o assunto. Os autores preferem aqueles setups que mostram dinheiro fácil, quase nunca encontrados na prática. A realidade é bem mais dura para os technicians que aquela fantasiada pelos "clássicos" de análise técnica.

Nota: Esse ticker possui preço EOD (end-of-day), o que quer dizer que só são atualizados ao final do dia. Na prática a altas horas da noite, no nosso horário de Brasília.

terça-feira, 24 de março de 2009

An Ebb-And-Flow Trap

Certamente vou abordar uma ocorrência bem familiar a quem me lê. Imaginem que se compre um papel A desde um pequeno fundo. Ao longo de alguns dias fica naquele marasmo. Um certo dia (D) A abre forte, mas fecha nas mínimas. No dia seguinte (D+1) o mesmo ocorre, deixando no daily chart martelos invertidos. Vencido pelo desânimo, o "especulador" vende. Em D+2 a abertura é semelhante. Só que ao longo do dia - diferente dos anteriores - o price action é constantemente positivo.

O "especulador" sente-se duplamente infeliz. Justamente o movimento que ele esperava apareceu sem ele! Eis que, de repente, começa a surgir um sentimento de revolta. "Eu vou entrar de novo!" Aí escolhe o papel B porque o A o "sacaneou". Enfim, personificou apenas uma variação de preço. Preços só sobem ou caem. E o mercado nem sabe que o trader individual existe.

A estória ainda não terminou. Nosso "especulador" fica feliz da vida porque afinal conseguiu terminar o dia em território positivo. E quase todos os papéis fecharam nas máximas. No dia seguinte, estas não se repetem. O gapdown na abertura já é notório. E no final de D+3 já não há ganhos. Teria feito melhor se tivesse ficado inerte. Essa é uma situação, digamos...light. Os preços de entrada podem não se repetir por dias, semanas ou meses, caso estejamos diante de um blowoff. Não se enganem. Resistir a big rallies exige uma disciplina ferrenha. Agora adivinhem...a grande maioria não resiste. Por outro lado, esses dias de grande rally, geralmente news-driven, são excelentes dias para se realizarem lucros. E o fechamento é quase sempre a melhor ocasião. Nele compradores e bears no squeeze brigam para ver quem empurra mais os preços para cima. Em suma, se o investidor conseguir inibir seu primeiro impulso, sempre o mais instintivo, conseguirá aumentar consistentemente seus retornos.

Qualquer semelhança com o que ocorreu nos últimos dias será mera coincidência.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Gap World - II

Há algo mais desafiador que os mercados?! Quem apostou contra mim ganhou. Com esse fechamento de hoje acima das máximas anteriores no ADR (PN) de Petr, a hipótese de exaustion gap deve ser descartada (vide Gap World). [Essa é apenas uma "curiosidade técnica", porque, conforme explicado, "gaps de exaustão" são geralmente apenas sinais de congestão para a retomada da tendência que os originou] Quem entrou em posições short alavancadas na sexta-feira, apostando na continuidade"* para ganhar muito, foi obrigado a se cobrir com perdas e acabou contribuindo ainda mais com o rally de hoje. Embora, este tenha se efetivado sem volume significativo, convém não ignorar o price action. Com níveis baixos de volatilidade, tomados em parâmetros de curto prazo, acredito que esse rally nos EMs ainda tenha pernas pra seguir adiante. iShares Brazil estão ingressando na região de oferta mais importante dos últimos meses pela quarta vez desde out/08. Quem vem de posições compradas de lá de baixo, dentro da tendência terciária, não tem motivos para zerar. No entanto quem está abrindo posições long agora deve observar que acima de 40 há uma grande área de (pseudo)gapdown originada em set-out/08 (área rosa). Quem está remoendo perdas grandes desde então não perderá a oportunidade de se livrar no breakeven...

* "The market is not like life - it is much more discontinuous than continuous" (J. Hayden)

sábado, 21 de março de 2009

My Short-Term Bullish Case For...

Uma das decisões acertadas que tomei foi não analisar papéis individuais por aqui. Entre 2/3 e 3/4 deles farão com maior ou menor obediência o que o mercado fará. Vejo de vez em quando um site anunciante no Google Ads que diz analisar 500 ações usando sistemas computacionais. Vixe Maria! Eles têm vida própria? :)

Há coisa de umas duas semanas encontrei dois amigos em um programa de mensagens instantâneas. Lá pelas tantas um deles - que está passeando na Ásia - me perguntou o que andava fazendo na bolsa. Comentei que minha única posição montada dias antes era Telesp PN. Ficou rindo. "Quem diria...Você atrás de dividendos?!" Claro que não. Comentei que em uns dois meses no máximo esperava o papel bater em 51. Lembrei dessa conversa porque vi que foi responsável pela maior alta na carteira do Ibroxespa na sexta, o que não me causou lá muita espécie. Notem que não comprei no breakout em 44. [Das três formas possíveis de entrada essa é justamente a mais arriscada ].

A oportunidade que me foi apresentada pelo technicals não foi pelos fundamentals. Vi "preços-justos" na faixa de 50 a 60 e tal. Um "value investor" tradicional não se interessaria pelo papel por causa da baixa margem de segurança. Um technician tradicional talvez comprasse no rompimento dos 44. E se apavoraria ao ver um engulfing pattern no diário com alto volume dois dias depois. Um "swing trader" somente o faria em continuation patterns, o que não ocorreu ainda. Essa operação quase bateu no meu timestop. O maior inimigo do investidor na bolsa de Pindorama - quando não for ele mesmo - atende pelo nome "custo de oportunidade" na pessoa do CDI.

Em tempo, em março do ano passado me dispus a enviar notas de corretagem (sem os dados pessoais), referentes às operações referenciadas então (clique aqui). Para minha surpresa somente meses depois um (e apenas um) leitor as solicitou! [Para o futuro estou pensando, ainda timidamente, em criar um serviço de acompanhamento de operações em tempo real para um número limitado de interessados. Preciso antes vencer a preguiça. rs A ver.]

Expert And Implicit Learning

Esse é o nome de uma seção do livro "Enhancing Trader Performance" do Dr. Steenbarger, um conhecido psiquiatra e professor de Ciências Comportamentais na Universidade de Syracuse, NY, e trader. Reproduzo abaixo alguns trechos e elaboro em seguida sobre três idéias:

"Observation of Marc and other expert traders has shown me that expertise is the result of implicit learning under highly challenging peformance conditions...The battle-hardened veteran develops a feel for when to advance and when to take cover, when to lay down fire, and when to observe enemy behavior...These traders have seen so many markets and scenarios that they develop an anticipatory sense - a conviction that something is likely to happen because it has happened so many times before. Note that implicit learning occurs after many learning trials...After dozens and dozen of trials, subjects internalize patterns that they cannot fully describe. Perhaps this is so many highly successful traders (sic) are not distinguished by their book learning. When they say they have a "feel" for the market, they are speaking a literal truth."

  1. "These traders have seen so many markets and scenarios that they develop an anticipatory sense": Tenho escrito ultimamente sobre o assunto com frequência. Não analiso o que se passou (hindsight) a não ser com objetivos didáticos. A maioria das postagens envolve expectativa de acontecimentos iminentes. E na grande maioria das vezes o resultado é próximo senão melhor do que se supunha (vide marcador "track record"). Isso extrapola o resultado de um aprendizado convencional de technical analysis e não é explicável por ela;
  2. "Note that implicit learning occurs after many learning trials": Um conhecido forense de um espaço virtual nacional tem um bordão: "Amanhã pode cair, subir ou ficar parado". Embora o overnight gap seja praticamente imprevisível (descontinuidade), o timeframe maior irá tendenciosamente predominar sobre o menor. Então quase sempre não será verdade que esses três resultados tenham probabilidades iguais de ocorrerem. Essas afirmações são típicas de investidores que não operam, que não desenvolveram "aprendizado implícito". Uma turma se esconde atrás do "longo prazo". Outra, atrás do "futuro a Deus pertence";
  3. "Perhaps this is so many highly successful traders are not distinguished by their book learning": Apesar do aprendizado via livros-textos canalizar e aumentar o foco em determinadas ocorrências e teorias empíricas, na prática vejo que é possível desenvolver um "senso antecipatório" apenas por meio de experiências repetidas. Tenho um amigo com mais de 25 anos de mercado que não demonstra quase nenhum aprendizado "formal". Mesmo assim concordo com a maioria de suas opiniões [provavelmente ele lerá isso].

sexta-feira, 20 de março de 2009

Hmmm...A Teddy Bear Rally?

Há dois dias escrevi o seguinte: "Examinando o DJIA há áreas (e não números) de oferta marcantes em 7,5k (fraca), 8k (média) e 8,5k (forte)." Aliás, essa idéia de que 8,0k era uma região de demanda (RD) mais forte que a dos 7,5k tinha sido comentada antes do breakdown. Nada mudou.

Para testarmos a força de determinadas pernas de alta nos basta que vejamos a reação nas regiões de oferta [RO] (mais comumente conhecidas como "resistências"*). Não é preciso mais que isso. No caso do DJIA, viu-se que uma vez atingida a região de 7,5k preços cederam, com volume alto, diante de uma fraca resistência [esse volume é menos pronunciado no Diamonds (ticker DIA), cuidado]**. E o sentimento dos retail investors embute um certo otimismo. Não é possível ser tão detalhista em pouco espaço. Mas essa conjunção faz-nos sugerir que não se espere muito desse rally. Pessoalmente preferiria ver um legítimo bear rally até os 8,5k que marcasse uma expectativa de movimento a-b-c para baixo, em timeframes longos (weekly/monthly). A ausência dele apenas torna mais complicado avaliar adiante o bottom desse bear mkt.

* Não gosto de utilizar a nomenclatura popular porque carece de significado. Me faz lembrar daquelas aulas entediantes de circuitos elétricos...
** Lembrem-se de que embora ETFs tenham por referência algum índice, nem sempre os refletem em sua inteireza.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Gap World

[na ausência de fatos novos, uma aulinha do Tio FF]

Novatos em TA possuem o afã de decorar nomes/nomenclaturas. Em homenagem a eles, criei uma fauna de gaps - a partir do ADR de Petrobrás PN - acompanhados de seus nomes de batismo. "Area gaps" (ou comuns) ocorrem em congestões e não possuem importância. "Breakaway gaps" iniciam rallies ou selloffs. Geralmente ocorrem em regiões de baixa volatilidade. "Exaustion gaps", como o nome diz, sinalizam esgotamento da tendência em andamento. Observo, no entanto, que são superestimados em Pindorama. Via de regra significam apenas um período mais prolongado de consolidação.

Nota: Um quarto tipo ficou de fora: o chamado gap de medida ou de continuação (measurement/continuation). Não deu as caras.

- Ok, Fact, mas o que te garante de que se trata de um gap de exaustão no chart acima?
- Nada. Mas você pode sempre apostar contra mim. hehe

USD Index: Too Much Too Fast - II

Mais uma análise correta (para ver a anterior e comparar, clique aqui). O marcador "track record do blog" reúne todas as análises que, dias depois de divulgadas, mostraram-se acertadas. De dezenas, a de maior tempo de maturação talvez tenha levado uns 15 dias. Quem quiser conferir basta clicar no marcador citado. Em todas as análises com charts procuro conjugar objetividade e fundamentação. Não há rodeios ou mal-entendidos. Nem aproveito quotes do e-mini futures de madrugada para "melhorar" a chance de acerto no dia seguinte. Aliás, muitas vezes - por pura provocação - dou tom bullish ou bearish, contrariando o que o mercado futuro precifica na abertura. Também não mudo de opinião porque um grande guru americano - muitas vezes apenas refletindo conflito de interesses - vê bolha aqui ou acolá [brevemente entro em mais detalhes]. O track record é resultado de compreensão do ebb-and-flow e da expectativa das massas. Só é possível antecipar com consistência o price action se descobrimos a falsa premissa do mercado e a exploramos.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Smells Like A Bear Rally, huh?

Vi passar semanas e semanas sem que o sempre anunciado bear rally em Wall St. se concretizasse. Os profissionais da mídia e OTM (other people's money) managers estão sempre à procura de entretenimento e desculpas.

Tenho percebido mudanças significativas em alguns internals justificando uma maior convicção bullish yankee. Minhas médias TRIN de 5 e 10 dias, p. ex., caíram a níveis mínimos nos últimos 12 meses. Quem quiser saber mais sobre esse parâmetro basta utilizar a caixa de busca no canto superior direito. Nesse rally os emerging markets (EMs) apenas continuam acompanhando as médias de Wall Street. Daí se encaixar com os pressupostos de um bear rally.

Examinando o DJIA há áreas (e não números) de oferta marcantes em 7,5k (fraca), 8k (média) e 8,5k (forte). Houve ingresso de pro volume (giro de institucionais) na última hora nos mercados de equities. Fato curioso. Não sei o motivo nem me interessa. (rs)

A Dividend Trap

Existe uma prática corriqueira nas bolsas, especialmente por aqui, que nunca consegui compreender muito bem. Consiste em comprar determinados papéis para principalmente colher o pagamento iminente de dividendos.

Vejamos um exemplo numérico: O investidor, de posse do calendário de pagamento de dividendos, avista papéis, geralmente com alto dividend yield. Compra para basicamente auferir os "ganhos", isentos de imposto de renda. No comunicado o Conselho de Administração da empresa ABC decide pagar R$2/lote. No dia D o lote de 100 ações fecha a...digamos, R$30. Logo em D+1 (primeiro dia ex-dividendo) valerá R$28. Digamos que - por obra do acaso - abre em D+1 com grande gap down. Quem quis só os dividendos agora espera uma melhora para vender no breakeven. Após a primeira perna de baixa, as perdas se aprofundam. Nos dias que se seguem parece cada vez mais distante o idílio do breakeven. E agora parece que os dividendos saíram caro demais. Isso simplesmente não faz sentido algum, gentlemen. Talvez faça se o papel passar a integrar o portfolio do caboclo por um horizonte de meses/anos e o provento veio apenas "a calhar". Não pretendo entrar na questão das formas de eficiência do mercado e outras discussões acadêmicas. Somente não encontro razões para alguém se converter involuntariamente em long-term investor por causa de míseros proventos.

terça-feira, 17 de março de 2009

Price, Price, Price!

Tenho um amigo technician, autor de boas análises usando S, R e linhas de tendência. Mas percebo que sobrestima a importância do volume. Para ele, qualquer breakout com giro menor que uma média seguida por ele é suficiente para deixar-lhe inerte. Certamente que volume é um fator relevante, mas a variável principal para a AT é preço! Já vi movimentos expressivos em uma direção com volume esmirrado e, em uma época, cheguei a apostar várias vezes contra tendências assim. Perdi em quase todas.

O intróito encaixa-se na avaliação de hoje. Apesar do volume abaixo da média, boa parte do selloff de ontem foi negado. É o suficiente para deixar uma perspectiva neutra no curto prazo. Muitas vezes movimentos iniciados sem volume representam o primeiro passo de um blowoff (clímax de compra). Movimento no qual compradores pouco a pouco são chamados para dentro do mercado porque apesar do volume pequeno não cai. Quando os últimos céticos se transformam em entusiastas, em meio a volumes crescentes, a tendência parabólica está muito madura e pronta para terminar, abruptamente.

Só para citar o mercado seguido ultimamente, iShares Brazil teve suas mínimas em 36 hoje, a faixa que citei ser de maior oferta. Pelo princípio da polaridade, resistências viram suportes, e vice-versa. Em teoria a área em amarelo assinalada ontem é de oferta. Mas na prática o seu giro financeiro não foi alto, o que tira boa parte de seu potencial bearish. O CRB Index - o mais usado para commodities - encontrou piso firme em 200, testado várias vezes, diariamente (vide setas). Apostar contra uma nova perna de alta em formação não me parece bom negócio. Reafirmo que o nível de preços mais importante (pivotal point) das últimas semanas é a região de 40 no ETF Brazil (clique aqui).

Nota: Agradeço aos participantes da enquete. À exceção dos acessos do Rio de Janeiro, o resultado foi o esperado. Sampa é realmente a capital da bolsa no país. Já os leitores do Rio parece que não são muito chegados a uma pesquisa de opinião (rs). Deveriam responder "disparado" pelo segundo lugar no número de acessos. Não ocorreu.

Foresight, Feeling Or Déjà Vu?

[Não tive tempo de escrever pela manhã. O fechamento foi muito mais didático.]

Quem acompanha o trading diary viu que coloquei uma série de avaliações diárias sobre a evolução dos preços do iShares Brazil em 60 minutos, desde 05/mar (clique aqui), enfatizando minha perspectiva bullish dentro do timeframe examinado, depois que houve um rompimento da LTB. Contudo, mesmo antes disso, ressaltei a área em amarelo desde a primeira postagem na condição de target em potencial. Só que o gap - na minha opinião - não chegou a ser o fator preponderante, visto que a demora em atingir essa região jogou hoje o price action em áreas de oferta nítida em timeframes mais longos (diário, p.ex.). A presença decisiva de bears já na beirada da região assinalada demonstra ainda oferta nada desprezível nesse nível. Ou seja, players que operam em outros períodos contribuíram significativamente para o selloff a partir da metade da tarde. Algo nada positivo para "taurinos".

Analisando o chart, a única sensação que me vem à cabeça no momento é..."38 kiss it goodbye (for a while)". :)

quinta-feira, 12 de março de 2009

USD Index: Too Much Too Fast

[Interessante lembrar a postagem anterior s/ o USD Index (clique aqui)]

Depois de um pronunciado "V-type reversal", padrão poderoso, a cesta ianque ensaia um breakout da região por volta de 88. A reversão anterior permaneceu na memória dos arrependidos e dos late buyers. E o forte rally parece assim indestrutível aos olhos de todos. Os que se arrependeram de não comprar no fundo em "V" juram que terão coragem de comprar no próximo rompimento. É o auge da certeza! Logo, esse breakout deve ser pra valer. Certo? Errado. Quando a convicção é muito grande, preparem-se para o contrário. É bastante provável que estejamos presenciando o início de um fakeout**, esfolando os amadores que decoraram a primeira aulinha de AT da Tia Marocas: "Compre no rompimento!"

* Pessoal, colaborem com a enquete. Não vai tirar pedaço.Queria ter um raio-x dos acessos ao blog. :)
** Nesse caso, 85 seria um downside target fácil de ser alcançado.

Last One For The Road

[esse é o último episódio do seriado "Put Away The Crystal Ball"]

Que tal um pouco de hindsight? Poder-se-ia considerar normal o price action de hoje. Pullback a partir da sobrecompra até a primeira base intraday. Sobrepus um oscilador para melhorar essa percepção. Bulls stepped in nesse nível de preços na última hora (a dos profissionais). Embora no daily chart possa ter ficado estranho (leia-se, candle negativo), não houve nada marcante no hourly chart. A única observação que faço é a de que mercados fortes não retestam consolidações, como ocorreu hoje. Na pior hipótese, a da descontinuidade, veríamos amanhã logo na abertura preços abaixo de 35 e em última instância na sequência tentativa de fechamento do breakaway gap, o que seria terrível do ponto de vista dos bulls. A balança, contudo, ainda pende para cima. TA is a probability game.

Cada período plotado nos mostra a evolução do sentimento de bulls e bears. É bem possível que a maioria de vocês não acreditasse ser possível extrair tantas informações de charts simples, sem indicadores e rabiscos, principalmente aquelas coisas estranhas chamadas fibonacci retracements.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Taking The Bumpy Road At Last

[Esse é o quarto episódio da série iniciada semana passada. Clique aqui quem não viu o último]

Mercados em todos os timeframes se alternam entre a continuidade e descontinuidade, entre a clareza e a confusão. Quanto menor o timeframe mais visíveis são as influências dos fatores emocionais.

O price action de ontem confirmou a island reversal que estava em área indefinida. As setas brancas mostram quão perto o padrão esteve perto da desconfiguração. O breakout acima da ltb deu-se em um breakaway gap*. Vencida a região de maior oferta em 60 min (circa 35-36) o target natural dessa perna é a área em amarelo. A partir daí entram em cena regiões de oferta em timeframes mais longos. E a chance de superá-las dependerá do estado em que os technicals se encontrarem então. Só isso.

Como se vê, technical analysis não é bola de cristal. É em essência uma ferramenta de acompanhamento. Em poucas ocasiões será possível antecipar com segurança o price action do próximo período. E, como dito anteriormente, esse período pode ser bom (não fabuloso). Saber como identificar padrões, separar o que é relevante do que é irrelevante e perceber o comportamento da massa só vem com estudo (sério) e prática perseverantes.

* Especial para o leitor que me perguntou se eu não acreditava em "gaps de fuga". :)

terça-feira, 10 de março de 2009

Do U Need To Know WHY? - II

"They [succesfull traders] believe that the market is always correct - that the price is where it should be. The market represents the psychology of all traders in any instant of time. The most valid moves are when the market shifts and there is no obvious explanation. The market will always behave in unexpected manner. The market is not like life - it is much more discontinuous than continuous..."
(Chris Hayden, Director at Directional Research and Trading, Inc.)

Reutilizo essa passagem retirada de um dos livros de Mr. Hayden. Sintetiza boa parte dos grandes enigmas dos mercados. Explica por que a maioria das pessoas não consegue retornos consistentes no longo prazo.

Considerando o price action de hoje percebo que a parte sublinhada se encaixa perfeitamente:
  1. Qual a explicação para um dia de forte rally? "Ah, estamos em área oversold! E tinha divergência!" Pode ser. Mas está oversold e divergente há muito tempo e por que só agora? Qual a explicação? Por que isso só acontece quando ninguém espera?
  2. Qual a explicação para a total falta de continuidade entre o fechamento de ontem e a abertura de hoje? Isso não é perturbador? Acreditem. Existe gente que fica profundamente infeliz porque acredita ser possível prever o que acontecerá amanhã com intervalo de confiança de 95%. Só não descobriram ainda o pulo-do-gato. Vão morrer frustradas e tentando...
Obviamente que mercados podem ser explicáveis e/ou contínuos por algum tempo. Dias assim podem ser bons, mas dificilmente serão fantásticos. Fabulosos quase sempre são os dias descontínuos e inexplicáveis, como o de hoje. Percebam que sentia a iminência de um desenlace, mas não colocaria um tostão sem uma confirmação convincente da direção a ser seguida. Isso não é trading. Fazê-lo seria fazer uma aposta, como um cara-ou-coroa ou um par-ou-ímpar. Os que entraram forte em posições short ontem na última hora - acreditando na continuidade - foram forçados a zerar suas posições com prejuízo logo na abertura e contribuíram ainda mais para o rally de hoje.

segunda-feira, 9 de março de 2009

The Hourly Man

Por que tenho insistido tanto em análises de hourly charts? Simples, meus caros. Há esperança para posições compradas (long positions) apenas no curto prazo (dias-semanas). Os riscos para bulls ainda é alto no médio (semanas-meses) e no longo (meses-anos)*. Essa representação esquemática temporal foi feita meio de improviso. Não me cobrem rigor científico.

A island reversal (padrão de reversão) citada por mim nas postagens anteriores continua sem confirmação e sem desconfiguração. No entanto, quanto mais tempo prosseguir nessa situação, mais favorecimento levam os bears, já que não há acumulação no daily chart. Opinião baseada em meus indicadores, portanto também não há rigor científico nessa afirmação. Pode ser que alguém encontre pequena acumulação em algum outro obscuro indicador. Para se confiar em um trading system, estabilidade é requisito de confiabilidade estatística. É muito comum que o novato pule de indicador em indicador até que encontre um que lhe diga o que ele quer ouvir. Grave erro.

No momento apenas os papéis ligados a energy commodities mostram desempenho leading, como mostrei na postagem anterior. Daí a resistência maior de Petro-trolha no IBroxespa. O desenlace se aproxima. Stay tuned!**

* Claro que há papéis com boa perspectiva de passarem relativamente ilesos pela tempestade, mormente aqueles com fluxo de caixa previsível (utilities). Mas essa é outra estória. Não confie demais na previsibilidade do "previsível". hehe
** Update: Fechamento ruim. Apesar da indefinição, a demora faz o desenlace pender pra o lado bearish na minha visão.

sábado, 7 de março de 2009

Major Moving Avg. Not Bullying Anymore?

O Energy Commodity Index do Goldman Sachs havia sido retratado por mim anteriormente (clique aqui). O esperado breakdown não prosperou. Movimentos mais promissores nos mercados vêm na direção contrária das expectativas não realizadas. Houve até agora 3 fechamentos acima da média móvel mostrada acima*, fato que não ocorria desde julho do ano passado. Dá o que pensar...Trade what you see not what you wish.

* Uma moving average só é relevante se o mercado analisado mostrar-lhe alguma sensibilidade. Se não, esqueça.

Do U Need To Know WHY? - I

"They [succesfull traders] believe that the market is always correct - that the price is where it should be. The market represents the psychology of all traders in any instant of time. The most valid moves are when the market shifts and there is no obvious explanation. The market will always behave in unexpected manner. The market is not like life - it is much more discontinuous than continuous..."
(Chris Hayden, Director at Directional Research and Trading, Inc.)


Recentemente muito se fala no "descolamento" dos emergentes em relação aos US markets. Existe uma tendência universal de extrapolar nossas convicções cotidianas ao que ocorre nos mercados de livre negociação. Daí tudo o que acontece deve ter um motivo. Como dizia Livermore, wait for a reason and miss an opportunity. Não é possível saber o motivo. O máximo que podemos fazer é traçar premissas. Mesmo que você ganhe não quer dizer que descobriu o motivo. Basta saber que sua premissa estava correta, alinhada com o price action. Nada mais.

O hindsight me possibilita dizer que o DJIA está andando in synch com o SP500 e Naz, dizer que BoA, Citigroup e GE (mais especificamente, GE Capital) estão tendo problemas sérios e que essas 3 empresas pesam pouco ou nada pesam nos demais benchmarks, que o CRB Index (circa 200) está perdendo downside momentum e que papéis vinculados a commodities antecipam o movimento destas, etc. Essa informação pode satisfazer e acalmar investidores que precisam saber de motivos. Mas pra mim não quer dizer muita coisa porque isso é hindsight. A bem da verdade, de um mês pra cá, os EMs estão acoplados ao DJIA. Descem na mesma proporção. Podíamos esperar que caíssem mais, dando continuidade ao que ocorreu até novembro do ano passado. Só que isso não está acontecendo. Dizem que isso é "descolamento" porque avaliam performance em moedas diferentes. Não concordo. Não é possível comparar laranjas com bananas.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Still A Bumpy Road Ahead (Again)

[O assunto era outro, mas as cotações end-of-day não foram atualizadas ainda...]

Vou comentar o que não aconteceu dessa vez com o iShares Emerging Markets. A semelhança com o de ontem não é coincidência, meus caros. Daí, quase sempre a perda de tempo que é analisar papéis individuais, conforme comumente é feito por esse pessoal de corretoras.
Algumas pequenas diferenças têm de ser observadas, no entanto: a LTB nesse caso não é tão bem definida como a do iShares Brazil e a área de gap é nitidamente maior. O price action foi surpreendentemente semelhante ao de ontem: gap na abertura, pullback com vol. levemente abaixo da média, buyers stepping in no fechamento. Não houve violação dos lows no fechamento nem breakout da LTB. Em suma, o gran finale foi adiado. Ninguém quis tomar decisões em uma sexta-feira...
Veja-se como o entendimento do ebb-and-flow permite estabelecer parâmetros sensíveis e avaliar a importância de cada movimento de preços. O que se vê por aí está bem longe disso. Investidores ficam em êxtase depois de um dia de alta forte - inclusive os "gurus" - e deprimidos no dia seguinte se boa parte da alta anterior é perdida. Ficam à deriva, ao sabor dos movimentos do mercado.

quinta-feira, 5 de março de 2009

iShares Brazil: Still A Bumpy Road Ahead

[Por falta de tempo e inspiração, uma breve análise plain-vanilla]

Price action negativo de hoje foi típico de bear markets*: Selloff depois de um forte rally no dia anterior. O fechamento foi tão ruim assim? Acredito que não. O hourly chart deixa ainda uma expectativa de um island reversal, a ser confirmado com um rompimento da LTB, bem definida. A linha laranja mostra o desnível pequeno entre as extremidades da ilha (potencial), uma das características do padrão, segundo Bulkowsky. Manutenção insistente dos preços abaixo dos lows de hoje começa a desconfigurá-lo. Ainda que tenhamos reversão no timeframe mostrado, o big picture ainda é desfavorável. E o caminho de volta é pródigo em speed bumps (rs).

* Não houve meltdown como se supunha.

How About A Straightforward Talk?

Esses dias estava pensando...como é possível perder muito dinheiro nesse negócio? Expectativas irreais. Hmm...mas não basta ser uma pessoa razoável pra não perder muito dinheiro? Não. Muitas pessoas razoáveis quando o colocam na reta tornam-se irreconhecíveis. Para elas recomendo que coloquem um trocado em uma dessas blue chips e esqueçam. Algumas pessoas ficam tão traumatizadas com perdas que nunca mais voltam. Outras praguejam essa ou aquela filosofia de investimento e mudam radicalmente, dizem que é um cassino, etc. O mais comum que tenho visto é considerar qualquer abordagem gráfica como especulação e fundamentalista como investimento. Especuladores só perdem. Investidores ganham no longo prazo. Bullshit. Conheço alguns bons fundamentalistas (ortodoxos ou não) que levaram um grande nabo no crash do ano passado comprando ações de empresas com "bons fundamentos".

Vamos dar exemplos de expectativas irreais?
(considerando o fechamento de hoje)

- Amanhã teremos um dia igual ao de hoje!
- Amanhã vai derreter!
- Hoje marcou o fim do bear market! Há muito não sobe tanto!

Se alguma dessas idéias passou pela sua cabeça, você é uma vítima em potencial. E não se iluda. Tem muito mais a perder que a ganhar. Não confunda sorte com expertise. Se não pensou, não quer dizer que se safou. Pode ser que perca dinheiro mais lentamente. Só isso. Oitenta por cento dos que me leem não conseguirão ganhar do CDI em 5 anos. Sorry. É a realidade. Bom, nem sei por que entrei nessa seara...mas também não vou apagar a postagem. Até a próxima.

terça-feira, 3 de março de 2009

A Lesson From Warren Buffett

O trecho acima foi retirado da última carta do Berkshire Hathaway (BH) aos seus acionistas. O Oracle of Omaha - que dispensa apresentação - lamenta o timing terrível de alguma de suas aquisições em 2008. Reconhecer erros e fazer autocríticas são hábitos vitais na rotina de investidores sérios. Mas ver esse mea culpa a partir de um dos maiores investidores de todos os tempos é ainda mais surpreendente. No caso específico do BH, a questão do timing é meio delicada, considerando o grande volume de recursos a serem alocados. Há grande restrição à liquidez dos ativos, o que gera escassez de alternativas.

A observação de Mr. Buffett quanto ao timing não encontra muito apelo no meio dos seus próprios seguidores. Consta até que ganhou notoriedade por ignorá-lo. O Oráculo terá trabalho em convencê-los do contrário...[O que ele diria a investidores de Pindorama que são obrigados a engolir um dos custos de oportunidade mais altos do mundo?] Em uma postagem anterior trouxe à luz uma análise sobre a aquisição desastrada de Pinnacle Airlines (ticker PNCL) por Mohnish Pabrai, autor do aclamado Dandho Investor. E não foi a única. PNCL era/é 14-16% de seu portfolio, adquirida por preços um pouco acima de 15 dólares*. Hoje sai quase por um dólar (!).

Servindo de álibi contra esse negócio de timing há algo chamado longo prazo, que ninguém sabe exatamente onde fica. Rationale: se estou levando ferro é porque ele ainda não chegou.

* Fonte: Gurufocus.com

domingo, 1 de março de 2009

A TED Spread Rally Looming On The Horizon?


Nas últimas postagens sobre o assunto apareci com a idéia de que o TED Spread tivesse perdido seu significado em meio a uma "estatização" do setor bancário ianque. Não chego a dizer que seja polêmica porque não vi nenhum autor/analista elaborar sobre o assunto. O que é importante não gera interesse na mídia (daqui ou de qualquer lugar). O chart acima é um aliado meu, considerando que esse indicador de risco interbancário caiu drasticamente em movimento "a-b-c". E voilá! O Bank Index da Philadelfia despencou na mesma proporção, ignorando uma suposta melhoria no mercado de crédito. Economistas não têm explicação para o fenômeno porque isso não está nos textbooks. Aliás, uma das coisas mais estúpidas que se faz comumente é entrevistar economistas para falar de bolsas de valores. Esse hábito não irá embora tão cedo. Em hindsight até um pintor de paredes pode emitir a mesma opinião.


Olhando pra frente, temos outro enigma. Terminado o "a-b-c", está em curso um processo de bottoming. E outro rally - em tese - poderia ser esperado. Mas a pergunta a ser feita agora é: Se esse negócio não funciona mais, qual o interesse? Bem, aí entra um aspecto da psicologia dos bear markets: Acontecimentos favoráveis são geralmente ignorados. E desfavoráveis, sobrevalorizados. Vice-versa em bull mkts. Vendo os US markets em áreas críticas, não posso ignorar o fato de que qualquer percepção desfavorável possa servir de trigger a nova perna de baixa, criando - FINALMENTE - uma nova onda de pânico, única hipótese de baixo risco para "comprados" [inclusive para os operadores de Pindorama que acham não ter nada a ver com isso porque estão "descolados"].